Por gabriela.mattos

Rio - O Brasil vai contar com um ‘anjo da guarda robotizado’ no céu durante a Olimpíada. Trata-se de um satélite de tecnologia israelense, batizado de Eros-B, com capacidade de definição de imagem de até 50 centímetros do solo, em um espaço de 450 quilômetros quadrados. O equipamento, uma das principais armas para a prevenção de possíveis ataques terroristas, já está operando em órbita brasileira desde esta terça-feira, e é capaz, por exemplo, de identificar, a 520 quilômetros de altura, a placa de um carro.

O Rio de Janeiro, que vai receber um milhão de turistas, é o principal alvo de vigilância. O sistema vai ajudar a garantir a integridade de 12 mil atletas, comissões técnicas, visitantes, 30 mil jornalistas, autoridades e chefes de Estado de 209 nações, também em Belo Horizonte, Brasília, Salvador, São Paulo e Manaus. A atenção será redobrada para aeroportos, portos e as 158 principais instalações de competições e hospedagens.

De acordo com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, o satélite vai operar durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos em uma altitude ainda mais baixa, a 450 mil metros, para monitorar objetos, pessoas, automóveis, mercadorias e deslocamentos de veículos suspeitos. O acordo com Israel prevê que o satélite ficará disponível para o Brasil por um período de seis meses, e, futuramente, deverrá apoiar a fiscalização das fronteiras.

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“Essa tecnologia poderá nos ser muito útil na implantação definitiva do Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras, projeto estratégico do Exército)”, afirmou Jungmann em entrevista coletiva, ao detalhar o projeto, orçado em mais de R$ 12 bilhões. Ao falar sobre a chance de o Brasil sofrer um ataque terrorista, o ministro comentou que “isto está no terreno das possibilidades, não das probabilidades”, garantindo que até o momento não há nenhuma ameaça identificada.

O coronel Hélcio Vieira Júnior, comandante do Núcleo do Centro de Operações Espaciais Principal (NuCOPE-P), unidade da Força Aérea Brasileira (FAB), disse que o acordo prevê “futuras transações comerciais” com Israel. “Enquanto estiver à nossa disposição, o satélite será 100% controlado por militares brasileiros”, garantiu Hélcio. O coronel adianta que as imagens — que deverão alcançar a casa dos bilhões — serão compartilhadas entre todas as agências governamentais envolvidas na segurança. Ao todo, 38 mil militares atuarão no contraterrorismo, sobretudo atentos contra ataques com armas químicas.

Rio vai receber R$ 2,9 bi para segurança pública nos Jogos

O presidente em exercício, Michel Temer, assinou nesta terça-feira medida provisória (MP) que obriga a União a prestar apoio financeiro no valor de R$ 2,9 bilhões ao Estado do Rio, que decretou estado de calamidade pública, na semana passada, devido à crise financeira. Segundo o texto, publicado em edição extra do Diário Oficial da União, a quantia é para auxiliar nas despesas com a segurança pública dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Ou seja, não estão incluídos os R$ 989 milhões restantes para a conclusão da Linha 4 do Metrô, cujo empréstimo pelo BNDES aguarda aval do Tesouro Nacional.

A MP determina que o montante seja entregue ao estado em parcela única, após abertura de crédito orçamentário. Segundo a Casa Civil, uma segunda medida provisória será publicada, quando os recursos estiverem disponíveis, para efetivar a liberação do dinheiro. O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, informou que isso ocorrerá em breve. Como se trata de uma subvenção, o estado não tem de devolver a quantia. De acordo com Padilha, todos os governadores concordaram que a União deve ajudar o Rio em função dos Jogos. Na segunda-feira, Temer anunciou que o pagamento das dívidas acumuladas pelos estados com o governo federal terão carência até o final do ano.

A bancada do Psol na Assembleia Legislativa do Rio apresentou ontem uma ação na Justiça e um Projeto de Decreto Legislativo, na Alerj, para derrubar o decreto de calamidade pública. Os parlamentares alegam que a medida cria um estado de exceção e desvia a finalidade do Estado de Calamidade previsto em lei, que é para o socorro em caso de desastres naturais. Criticam ainda que o direito seja usado para salvar a Olimpíada, enquanto servidores e serviços essenciais enfrentam dificuldades.

O prefeito Eduardo Paes apresentou ontem as contas da Rio 2016. Do orçamento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, estimado em R$ 39 bilhões, a prefeitura desembolsou, segundo ele, R$ 732 milhões para a construção de estádios e viabilizou 70,3% dos R$ 7,07 bilhões gastos para instalações olímpicas – a maioria através de parcerias com a iniciativa privada. Paes disse que 93,5% das arenas esportivas já foram entregues e testadas, restando apenas o Velódromo, em construção, e que os 6,5% restantes são de responsabilidade federal.

Colaboraram Gustavo Ribeiro, Paloma Savedra e Wilson Aquino

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