Rio - O dono da Universidade Gama Filho (UGF), Paulo Cesar Ferreira da Gama, foi preso temporariamente na manhã desta sexta-feira pela Polícia Federal. Juntamente com outras 46 pessoas, ele é investigado pelo desvio de recursos dos fundos de pensão Petros (Petrobras) e Postalis(Correios), que causou um prejuízo superior a R$ 90 milhões aos dois institutos de previdência. Além de Gama, foram presos o ex-diretor financeiro do Postalis, Adilson Florêncio da Costa, e o advogado da família Gama Filho, Roberto Roland Rodrigues da Silva.
Outros quatro envolvidos tiveram a prisão decretada, mas como não foram localizados, são considerados foragidos da Justiça. São eles: o advogado Márcio André Mendes da Costa, fundador e ex-presidente do Grupo Galileo; Ricardo Andrade Magro, dono da Refinaria de Manguinhos e ex-diretor da Galileo, Carlos Alberto Peregrino da Silva, ex-diretor da Galileo, e Luiz Alfredo da Gama Botafogo Muniz, dono da UGF.
Além dos mandados de prisão, 12 mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Rio, São Paulo e Brasília. Segundo o procurador Paulo Gomes, do Ministério Público Federal, a Justiça também bloqueou os bens dos 46 investigados, entre pessoas físicas e jurídicas, no valor de R$1,3 bilhão.De acordo com a investigação, que já dura dois anos e meio, os investigados arquitetaram um plano criminoso para desfalcar os fundos de pensão e usaram a UGF para essa finalidade.
Em 2011, Márcio André fundou a Galileo Administração de Recursos Educacionais para captar recursos no mercado e salvar a Gama Filho da falência. O plano consistia no lançamento de R$ 100 milhões em debêntures, que logo foram adquiridas pelos dois fundos de pensão. O Postalis ficou com 75% (investiu mais de R$ 80 milhões) e o Petros, 22%. Entretanto, o dinheiro foi usado para abastecer a conta dos acusados.
O golpe culminou com o descredenciamento da Gama Filho, em janeiro de 2014, prejudicando cerca de nove mil alunos e dois mil profissionais da Educação. Piedade, subúrbio do Rio, onde funcionava a UGF, praticamente virou um bairro fantasma.
Os nomes de vários políticos apareceram no decorrer das investigações como beneficiários do golpe, mas como têm prerrogativas, serão investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Dentro dos recursos obtidos, o pouco investido na Gama Filho foi usado para trazer notáveis para dar palestras na faculdade, como os hoje ministros do STF, Ricardo Lewandosvki e Dias Tofoli, que deram aula magna no local em 2012.
Caçada a dois no exterior
O delegado federal Tácio Muzzi, da Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros (Delecor), afirmou que dois investigados que tiveram a prisão decretada estão fora do Brasil. São eles o dono da Refinaria de Manguinhos, Ricardo Magro, e o fundador do Grupo Galileo, Márcio André Mendes da Costa. O delegado disse que caso não se apresentem em breve, vai emitir um alerta vermelho para que sejam presos pela polícia do país onde estão se escondendo.
Muzzi suspeita que antes da fundação da Galileo, sob a alegada intenção de salvar a Gama Filho da bancarrota, os envolvidos já teriam acertado o golpe com os diretores do Postalis e do Petros. “É possível por conta de somente dois fundos de pensão de estatal terem investido seus recursos num negócio relativamente arriscado. A falta de análise de investimento mais aprofundada ficou patente”, ressaltou.