Rio - Um dos emails com as ameaças a alunos bolsistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) está circulando nas redes sociais e revela o tom de grupos conservadores que atuam dentro da instituição. O que chama a atenção é um trecho que diz que as ameaças serão cumpridas começando "por um certo aluno, que se diz minoria e oprimido por ser homossexual". Alguns acreditam que o alvo da ameaça era o estudante de Arquitetura Diego Vieira Machado, 24 anos, encontrado morto neste sábado. As mensagens partiram de um computador no Canadá.
Segundo o estudante de Comunicação Pedro Paiva, diretor do DCE do curso, grupos fascistas e conservadores atuam há algum tempo na universidade e ameaçam alunos, professores e outros servidores. "Eles fazem comentários homofóbicos. Os banheiros são pichados com frases como 'morte aos homossexuais, morte aos gays'. No banheiro da ECO (Escola de Comunicação) foi pichado "Morte aos gays da UFRJ", disse.
Nesta segunda-feira acontece uma sessão plenária entre decanos, que já estava marcada e conta com a participação de estudantes. Eles vão aproveitar e para tratar do assunto e cobrar providências.
De acordo com Pedro Paiva, algumas páginas no Facebook de grupos fascistas e conservadores já foram identificadaos: UFRJ da Opressão, UFRJ Livre e Liberta UFRJ. Ele reclamou da falta de segurança no campus do Fundão e de providência em relação aos grupos que pregam o crime de ódio. "São ameaças antigas. A gente já tinha ideia do que poderia acontecer. A morte do Diego é uma ideia do que a gente previa que poderia acontencer", disse.
O reitor da UFRJ, Roberto Lehrer, classificou o crime de "bárbaro e perverso". "Essas formas de expressão homofóbicas são inadmissíveis. Somos um espaço civilizatório e não podemos aceitar qualquer forma de intolerância que diga respeito a racismo e homofobia", afirmou.
Ele citou uma mensagem de teor ameaçador contra gays que teria Diego Vieira Machado como alvo. O e-mail, que teria sido enviado de dentro da universidade, circula há dois meses e está sendo investigado pela Polícia Federal. O reitor disse que já se sabe que ele partiu de um computador do Canadá.
Com informações do Estadão Conteúdo