Por tabata.uchoa

Rio - A ONG Internacional Human Rights Watch divulgou nesta quinta-feira um relatório que indica que a polícia do Rio de Janeiro matou mais de oito mil pessoas na última década. Ainda de acordo com o documento, 645 foram mortas apenas em 2015.

Mapa das mortes no RioReprodução/Humans Right Watch

O número oficial de homicídios cometidos pela polícia caiu para cerca de 400 em 2013 — em 2007, o número chegou a 1.300. No entanto, as estatísticas voltaram a crescer, chegando a 645 no ano passado. Só entre janeiro e maio deste ano foram 322 mortes, de acordo com os dados divulgados.

Intitulado "O Bom Policial Tem Medo: Os Custos da Violência Policial no Rio de Janeiro", o relatório chegou a conclusão que "muitas dessas mortes foram provavelmente resultado do uso ilegítimo da força, mas muitas outras foram execuções extrajudiciais".

"O Rio enfrenta um problema sério de criminalidade violenta, mas executar suspeitos não é a solução. Essas execuções colocam as comunidades contra a polícia e comprometem a segurança de todo", disse Maria Laura Canineu, diretora da Human Rights Watch no Brasil.

Mãe mostra a foto do seu filho%2C Carlos Eduardo da Silva Souza%2C de 16 anos. Policiais o mataram junto com quatro amigos%2C que estavam no mesmo carro%2C indo lanchar%2C em 2015Reprodução/Humans Right Watch

Mais de 30 policiais foram entrevistados pela Human Rights Watch. De acordo com a ONG, vários deles descreveram suas próprias experiências com o uso da força letal e dois admitiram participação direta em execuções.

Os policiais afirmaram que não denunciam os crimes de seus colegas por medo de também serem mortos.

A organização afirma ter encontrado 64 casos em que os policiais encobriram uso ilegal da força letal. "Quase todos os 64 casos foram relatados como "confrontos" pela polícia. Todavia, em pelo menos 20, laudos necroscópicos demonstraram que as vítimas foram baleadas à queima-roupa. Em outros casos, depoimentos de testemunhas e outros exames periciais indicaram que não houve confronto", diz o relatório.

O documento lembra ainda que o estado do Rio de Janeiro prometeu avanços na segurança pública para os Jogos Olímpicos, mas não resolveu o problema das execuções extrajudiciais cometidas pela polícia. As mortes de autoria policial são consideradas pela ONG "um obstáculo para um policiamento mais efetivo".

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