Rio - Circular pelas ruas do tradicional bairro de Santa Teresa, na região central do Rio, se transformou num grande transtorno para moradores e visitantes, que enfrentam problemas com a paralisação das obras do bonde. Conhecida área turística, com bares badalados, imóveis antigos e ruas de paralelepípedo, o bairro está um caos desde que a restauração dos trilhos foi interrompida há, pelo menos, três meses. A previsão da Secretaria estadual de Transportes é que a reforma total do trecho só seja concluída em dezembro de 2017.
A Rua Almirante Alexandrino, uma das principais do bairro, está um caos. “Não há um cronograma para o fim das obras. Às vezes vejo um operário aqui, outro ali, mas é uma obra fictícia. E os buracos não estão sinalizados, isso vai acabar em acidente”, afirma a jornalista Nayse Lopez, de 44 anos, que vive há mais de dez em Santa Teresa.
Um cineasta alemão de 44 anos, morador há 17 em Santa Teresa, disse que seu vizinho sofreu acidente de moto por conta da obra inacabada do bondinho. “Semana passada meu amigo teve fraturas múltiplas porque caiu num buraco. Ele está internado. Eu mesmo não posso guardar a minha moto na garagem de casa porque a obra atrapalha”, disse.
Quem roda de carro pelo bairro é obrigado a conviver com a lentidão no trânsito. “A gente perde um tempão. Só nesse ‘pare e siga’ sou obrigado a ficar parado uns dez minutos para os carros que trafegam em sentido contrário passarem. Ninguém aguenta”, disse o taxista Waldemir Ferreira, 57.
O comércio também sofre os reflexos da paralisação. Dona da Casa da Tapioca, Cristina Macedo, 58, reclama da demora na conclusão das obras. “Não sei dizer quanto estou deixando de faturar porque tenho este comércio há apenas dois meses. Mas moro no bairro há 35 anos e posso garantir que o movimento diminuiu muito nesta região”, diz ela.
Obra completa já custou mais de R$ 150 milhões, informa secretaria
A Secretaria de Transportes confirmou a paralisação temporária nas obras. E que, atualmente, planeja as próximas etapas da obra, que ocorrerão após a Olimpíada. O valor total da obra é de R$ 125 milhões. Em abril, foi aprovado um termo aditivo para destinar mais R$ 27,3 milhões para as obras do bondinho. Um funcionário da CET-Rio, que orienta o trânsito em Santa Teresa, funcionários da Elmo Montagens, responsável pela conclusão da obra, deixaram de trabalhar há três meses porque estão sem receber. O DIA não conseguiu contato com responsáveis pela empresa.
Em 2011, o bonde de Santa Teresa descarrilou, deixando cinco mortos e 57 feridos. O então governador Sergio Cabral (PMDB) afirmou que o bondinho estaria de volta em 2013. O transporte permaneceu desativado até julho de 2015, quando o primeiro trecho voltou a funcionar.