Por adriano.araujo

Rio - O número de pacientes feridos por disparo de armas de fogo atendidos no Hospital Geral de Nova Iguaçu (Posse), na Baixada Fluminense, aumentou 150% nos últimos três anos, entre 2013 a 2015. De acordo com os dados do Sistema Informatizado de Administração Hospitalar da unidade, somente este ano, de janeiro a abril, 121 pessoas baleadas foram atendidas na Posse. Em 2013, foram registrados 172 feridos. No ano seguinte (2014), o número subiu para 347 (101% a mais), e em 2015 aumentou para 430 (24% maior). Entre os feridos, estão vítimas de bala perdida e alvejados em confrontos com a polícia. Até a última sexta-feira, três homens ainda estava sob custódia. Há 15 dias eram mais de dez internados.

Armados de fuzis e revólveres, oito policiais militares de três batalhões do Rio, dois da Baixada Fluminense e um de Irajá, faziam a segurança dos custodiados na Posse. Quem passa por um dos corredores da unidade se depara com o cenário assustador. Uma verdadeira fortaleza. O comandante do 20º BPM (Mesquita), Roberto Christiano Dantas, informou que disponibilizou dez militares para fazer a segurança do hospital. O temor aumentou após o resgate do traficante Nicola Labre Pereira, o Fat Family, no Hospital Souza Aguiar, há um mês.

“Conseguimos com a direção do hospital, colocar todos os presos na mesma enfermaria. Isso facilita a segurança. E no único acesso do hospital, ele foi fechado com uma viatura 24h”, afirmou Dantas.

Reforço no policiamento no Hospital Geral de Nova Iguaçu%2C na Baixada Fluminense%3A armados de fuzis e revolveres%2C PMs fazem a custódia de três homens internados na unidadeSandro Vox / Agência O Dia

Para o diretor geral do Hospital da Posse, Joé Sestello, o aumento do número de atendidos reflete o crescimento da violência na região. "Todos os dias recebemos pessoas baleadas, o que dá em média 35 atendimentos a vitimas de arma de fogo por mês. Além das pessoas que cometem ilícitos também tem as vítimas e os policiais. Nossos números são mais um indicativo de que houve aumento significativo da violência na Baixada Fluminense", afirma Joé.

Ainda segundo ele, a maioria dos baleados são de cidades vizinhas como Queimados, Japeri, Belford Roxo e Mesquita. “Mais de 50% dos feridos são de outros municípios. Muitos pacientes chegam aqui de ônibus e carro, ao invés de serem medicados em suas cidades, mas não oferecem atendimentos. Temos 490 leitos e já chegamos a ter 30 ocupados por vítimas de arma de fogo”, lembrou Joé.

O aumento no atendimento a esses pacientes tem gerado dificuldades para os gestores. Muitos dos pacientes com ferimentos de arma de fogo precisam de cirurgias, necessitam de mais recursos e passam muitos dias internados na unidade, o que é um problema para um hospital superlotado, como a Posse. "O tratamento para os pacientes com ferimentos causados por arma de fogo são muito caros e há pessoas, que dependendo do local do ferimento, passam dias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI)", acrescentou o diretor.

O Hospital da Posse é responsável por garantir cobertura assistencial a população de Nova Iguaçu, estimada em 800 mil habitantes. No entanto, devido à escassez de leitos hospitalares nos municípios vizinhos, pacientes de outras cidades da Baixada, como Magé, Seropédica, Itaguaí, Belford Roxo, Mesquita, e até de bairros da Zona Norte e Oeste, como Pavuna e Jacarepaguá, respectivamente, buscam atendimento na Posse.

Duque de Caxias também sofre com problema

Em Duque de Caxias, embora o número de baleados atendidos na rede pública seja inferior ao do Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, a situação também é preocupante. Somente no Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo, entre janeiro a junho deste ano, foram atendidos 49 baleados. No período de janeiro a dezembro de 2015, 99 pessoas vítimas de lesão por projétil de arma de fogo.

“Os atendimentos de emergência às vítimas de PAF sobrecarregam a rotina do hospital, sobretudo porque Caxias não conta com outros hospitais que possam fazer este tipo de atendimento. Certamente a chegada deste paciente, de alguma forma, exige o deslocamento de uma equipe extra para fazer o atendimento “, explicou o subsecretário de saúde de Duque de Caxias, Silvio Roberto da Costa Junior.

A Secretaria esclareceu que as vítimas de PAF custodiadas recebem atendimento médico no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes (Saracuruna).

O número de feridos por arma de fogo atendidos no Rio também é alta. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, entre os meses de janeiro e junho deste ano, as cinco unidades hospitalares de urgência e emergência da rede atenderam 979 vítimas de ferimentos causados por perfuração de arma de fogo (PAF). No ano de 2015, foram 1.864 atendimentos deste tipo.

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