Rio - O atleta de boxe marroquino Hassan Saada foi preso, na manhã desta sexta-feira, por agentes da 42ª DP (Recreio) por suspeita de estupro contra duas camareiras que trabalham na Vila dos Atletas, onde estão as delegações de diversos países para as Olimpíadas, na Zona Oeste do Rio. Contra o lutador de 22 anos foi cumprido um mandado de prisão temporária, de 15 dias.
A delegada Carolina Salomão, titular da 42ª DP, disse que, independente da cultura de seu país, o lutador precisava respeitar as leis do Brasil. "Os atletas quando chegam aqui são obrigados a cumprir as leis. Quando vamos para o exterior, temos que cumprir as leis dos outros países. Para nós mulheres é um desrespeito muito grande. (...) Que sirva de lição para outras pessoas que estão aqui na Olimpíada. Nossa lei não permite que nem se encoste nas mulheres", disse. Ainda segundo a delegada, há informações sobre outros casos de tentativas de estupro dentro da Vila dos Atletas, mas que as possíveis vítimas não prestaram queixa.
Hassan foi preso na Vila dos Atletas, onde estava hospedado com a delegação de seu país. O pedido de prisão foi expedido pela juíza Larissa Nunes Saly, do Juizado do Torcedor e dos Grandes Eventos, após pedido da polícia baseado em provas colhidas pela investigação.
Em depoimento, as camareiras, ambas de 20 anos, relataram os momentos de pavor dentro do apartamento de Hassan. Uma delas fazia a limpeza da sala quando o marroquino foi em sua direção e fez um gesto de que gostaria de beijá-la. Diante da negativa, ele agarrou a jovem à força, que se desvencilhou do boxeador. Ainda de forma gestual, ele levantou a perna e indicou que queria ter relações sexuais com a funcionária da Vila, além de mostrar que queria ser masturbado e que pagaria por isso.
Hassan foi preso por volta das 7h no prédio da delegação marroquina na Vila dos Atletas. Ele não resistiu a prisão e não mostrou surpresa com a presença da polícia. "O marroquino não se surpreendeu e nem ofereceu resistência, provavelmente porque ele já tinha noção do que tinha feito", contou Salomão. Quem estava na área, também já sabia do que se tratava. "Vieram por causa do estupro, né?", disse uma pessoa quando viu a polícia.
"Meu cliente negou os fatos e disse que teve apenas pequeno contato com as camareiras", disse Cláudio Bidino de Soza, contratado pelo consulado para defender o pugilista. Entretanto, ele não soube dizer que "pequeno contato" foi esse.
Segundo a delegada Carolina Salomão, na versão do marroquino, as camareiras pediram para tirar uma foto com ele e devido ao pedido ele interpretou como se elas tivessem interessadas nele. Ainda de acordo com a delegada, as mulheres realmente pediram uma foto com o lutador.
Hassan responderá por estupro e pode pegar até 10 anos de prisão. A polícia espera somente o resultado da identificação datiloscópica para transferi-lo para o Complexo de Gericinó, em Bangu. Ele teve a sua credencial apreendida e pode ser excluído das Olimpíadas.
Na decisão que expediu a prisão, a juíza ressaltou a importância da detenção por se tratar de um estrangeiro, sem residência fixa no Brasil e que pode fugir. Ela também mostrou indignação com o comportamento do boxeador marroquino.
"É inacreditável que um atleta que deveria vir ao país para passar uma mensagem de espírito olímpico, haja com total desrespeito com quem o acolhe, cometendo atos gravíssimos e repudiados em qualquer lugar do mundo”, disse na sentença.
O boxeador tem uma luta prevista já neste sábado, às 12h30, contra o turco Mehmet Nadir Ünal, de 23 anos. Hassan Saada faz parte da categoria meio-pesado, com peso até 81kg.