Rio - A Polícia Militar estreou os três balões com câmeras doados pelo Ministério da Justiça na abertura da Olimpíada, sexta-feira. No entanto, os equipamentos, que custaram R$ 5 milhões cada, deverão ficar encalhados depois do encerramento dos Jogos na garagem da corporação.
Isso porque para fazer cada balão subir é necessário 80 metros cúbicos de gás Hélio, o equivalente a cerca de R$ 40 mil, segundo um relatório operacional feito pelo COE (Comando de Operações Especiais). De acordo com a assessoria da Polícia Militar, com esse combustível o balão consegue uma autonomia de 72 horas de voo. Durante o período, outros 10 metros cúbicos são necessários para manter o balão voando — um custo adicional de cerca de R$ 5 mil.
Além disso, a corporação não dispõe do chamado LiveU, um equipamento para a transmissão das imagens captadas pelo balão para o Centro de Comando e Controle.
A corporação, que enfrenta uma crise financeira, chegou a declarar que não poderia arcar com o gasto para os Jogos. Em março, faltou repasse de verba do governo estadual para a BR Distribuidora, o que fez a Polícia Militar limitar o uso de combustível nas viaturas.
Na conta do Ministério
A solução encontrada pelo Ministério da Justiça foi arcar com o pagamento do combustível para os Jogos, Olímpicos além do aluguel do LiveU. O preço do aluguel não foi divulgado.
Além da Polícia Militar, a Guarda Municipal ganhou um aeróstato, que será usado no Centro de Tiro. Além do Maracanã, o equipamento será usado todos os dias em que houver competição na Lagoa e no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca.
Em nota, a Guarda Municipal afirmou que “as imagens geradas são disponibilizadas em tempo real para os centros integrados de comando e controle setorial e regional, ficando acessíveis a todas as forças presentes no local.”
Quando a doação pelo Ministério da Justiça foi feita, a ideia era já utilizar o equipamento na segurança de festas como Réveillon e Carnaval. No entanto, isso não chegou a ser feito por causa da falta de verba para o combustível.
Treinamento que custou R$ 3 milhões
Chamados de aeróstatos, os balões foram comprados da empresa Altave por meio de licitação da Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos, vinculada ao Ministério da Justiça. O custo total da licitação foi de R$ 23 milhões, sendo que desse valor, R$ 3 milhões foram pagos por treinamento para os policiais militares e guardas municipais.
O aeróstato, que não é a prova de bala, pode atingir 200 metros de altura e, através de 13 câmeras, consegue filmar o que está ao seu redor por 72 horas ininterruptas. As câmeras são de alta definição e é possível retroceder as imagens, caso seja necessário.
De acordo com o Ministério da Justiça, a compra dos balões foi feita depois de estudos técnicos e em acordo com a Secretaria de Segurança do Rio de janeiro. No entanto, na secretaria não há nenhum estudo prévio do seu uso. Um relatório operacional do COE apontou as fraquezas na sua usabilidade.
Essa não é a primeira vez que a Polícia Militar do Rio recorre a balões para aprimorar o patrulhamento na cidade. A primeira ocorreu durante o governo Benedita da Silva (PT), em 2002, quando um dirigível foi usado para monitorar traficantes — apelidado de Zeppelin. Já no Réveillon de 2013, a polícia tentou colocar no ar um balão israelense para reforçar o esquema de segurança. Na ocasião, o equipamento nem chegou a inflar.