Rio - Passada a tão esperada Olimpíada, o carioca pode agora aproveitar a cidade com novos contornos. Alavancado pela necessidade de se adequar a padrões internacionais de mobilidade e urbanismo, o Rio está diferente: tem VLT, Porto Maravilha, Parque Madureira, novas pistas, BRTs. O novo conceito de mobilidade, que contempla a integração dos tipos de transporte, e o renascimento estético do Centro Histórico se destacam em meio a outras intervenções que agradaram. A quantidade de visitantes do Boulevard Olímpico é uma boa amostra desta aprovação.
O DIA inicia hoje série que faz um balanço das transformações ocorridas no Rio nos últimos anos. A ideia é mostrar o quanto avançamos e o que falta fazer. As propostas para o futuro ficarão a cargo dos candidatos a prefeito, que terão, nos próximos dias, espaço para apresentar seus planos.
O novo perfil da cidade é, neste momento, o principal alvo de estudos de urbanistas, que elogiam as mudanças. Ajustes ainda são necessários na opinião de alguns. “O saldo desse ciclo de investimentos é a percepção de novas possibilidades. O Porto simboliza a recuperação do núcleo histórico da capital e nos mostra o quanto é possível recuperar áreas degradadas”, destaca o mestre em Administração Pública pela Universidade Harvard José Marcelo Zacchi, coordenador-geral da Casa Fluminense. A entidade reúne 50 organizações civis.
A opinião mais importante, a dos moradores, é bastante positiva. A advogada Márcia Sousa, que mora no Flamengo, lembra que a área portuária era marginal. “Todos tinham medo de passar pela Avenida Rodrigues Alves. Agora, ela está linda e acolhedora”, elogia. Outros cariocas aprovaram, mas sugerem retoques. Para a dona de casa Rosalina Maciel, da Tijuca, o VLT fica muito cheio em determinados horários. “Está uma maravilha. Mas há trechos da avenida que não foram reformados”, adverte.
A experiência da temporada olímpica deixou boas impressões. “Vimos a cidade funcionar. Se pode ser assim por 20 dias, pode por mais tempo. Temos que trabalhar para que seja melhor e inclusiva”, comenta a professora Andréa Borde, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ. Ela propõe mais investimentos em ciclovias, espaços para pedestres e expansão do metrô. “Temos uma linha prevista há séculos, a Misericórdia, ligando a Cruz Vermelha à Praça 15. Estão prontas as estações sob o Estácio e o Largo da Carioca.”
“Ficou muito legal. No entanto, mais investimentos são necessários. Talvez não precise ser feito com a mesma velocidade e recursos”, afirma o professor de Engenharia e Transporte da Coppe Ronaldo Balassiano. Ele explica que o Bilhete Único é fundamental. “Um grande passo para em 10 anos o Rio estar no patamar das grandes cidades do mundo em mobilidade.” Um dos maiores desafios, a despoluição da Baía de Guanabara, não foi vencido. Porém, persiste a esperança. “Seria o sonho excepcional. A Ilha do Governador seria um paraíso de praias e esportes náuticos”, imagina Jerônimo
Ficou o sentimento de que é possível fazer uma cidade melhor. “A Orla Conde em contraste com a Baía poluída nos mostra que é preciso salvar o coração do espaço urbano do Rio”, diz José Marcelo Zacchi. Jerônimo de Moraes aponta caminhos: “Trens de qualidade e reforma nas estações.”