Por gabriela.mattos

Rio - As transformações urbanas que mudaram — para melhor — a cara da cidade encantaram boa parte da população e aumentaram a responsabilidade dos candidatos ao cargo de prefeito quanto ao planejamento urbano do município. Entre os ganhos estéticos e funcionais mais evidentes no Rio nos últimos anos, está a Zona Portuária, com a derrubada do Elevado da Perimetral e o surgimento de uma nova Praça Mauá, uma região que era evitada pela população de tão abandonada que estava.

O Centro, com a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos(VLT) aliada à transformação de um trecho da Avenida Rio Branco em passeio público e a Orla Conde ganhou contornos ao mesmo tempo humanizados e futuristas.

VLT%2C MAR e Museu do Amanhã são algumas obras que fizeram da Praça Mauá uma excelente área de diversãoDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

No subúrbio, a criação do Parque de Madureira em gigantesco terreno antes ocupado por torres de energia deu novos ares ao lazer da Zona Norte. O parque oferece praia artificial, pistas esportivas, espaço para shows e outras formas de lazer.As instalações olímpicas enriqueceram regiões como Deodoro, na Zona Oeste.

Entretanto, como ressalta o professor de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio, Rodrigo Rinaldi Mattos, o novo prefeito terá, muitos desafios. “Faltou política para a Região Portuária, que fomente a habitação social”, diz. Mattos destaca que, por ter a vocação de liderar tendências, o Rio deve pensar em soluções de mobilidade integrada com municípios vizinhos. “Temos que usar a Baía de Guanabara para transporte público”, defende Mattos.

Para a professora de Arquitetura e Urbanismo da Universidade da Uerj, Ana Cordeiro, manter o Boulevard funcionando com segurança, transporte e infraestrutura é tarefa do novo prefeito. Porém, é preciso melhorar a integração entre os modais. “O fim de linhas de ônibus deixou muita gente a pé, já que os troncais não atendem toda a cidade.”

“A visão urbanista contemporânea prevê como desafio a habitação. Isso tem que ser incorporado”, alerta o mestre em Administração Pública pela Universidade Harvard e coordenador-geral da Casa Fluminense, José Marcelo Zacchi. “Arquitetura e Urbanismo contribuem para a qualidade de vida”, esclarece o presidente do Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo, Jerônimo de Moraes.

Marcelo Crivella (PRB): Uma das principais queixas da população é que a prefeitura fez grandes obras eleitoreiras e deixou de lado o feijão com arroz. Deixou ruas esburacadas, não cuidou das calçadas, das praças, da iluminação, principalmente nas zonas Norte e Oeste. Com muito diálogo com os moradores, vamos identificar onde mais faltou atenção da prefeitura e tratar de corrigir esse desleixo. Não queremos obras megalômanas e caras porque nossa prioridade é cuidar das pessoas, sobretudo de quem mais precisa.

Marcelo Freixo (Psol): Implementaremos uma política urbana voltada para a integração regional, o desenvolvimento comunitário e preservação do meio ambiente. Para isso, vamos reorganizar linhas de ônibus, dar fim à política de remoção forçada de favelas e destinar imóveis públicos municipais subutilizados para moradia popular. O maior desafio será melhorar o saneamento da cidade. Criaremos uma Empresa Pública de Saneamento Ambiental, para articular a política de saneamento ao planejamento urbanístico de cada bairro, com foco nos que mais precisam. 

Flávio Bolsonaro (PSC): Nossa proposta de urbanismo passa pelo esforço de esverdeamento da cidade, em especial as zonas Norte, Oeste e Leopoldina, que sofrem demasiadamente com o forte calor. Um processo de “naturação urbana” elevará o nível da qualidade de vida dessas regiões. Nosso Governo não terá mais como prioridade as políticas de obras faraônicas que agradam empreiteiros com interesses escusos e geram elefantes brancos. O foco será a reforma e melhoria contínua dos espaços que são usufruídos pela população, como parques, praças, ruas, jardins e praias.

Índio da Costa (PSD): Vou integrar as políticas e intervenções urbanas para possibilitar que a cidade seja pensada e repensada sob diversos ângulos e que o crescimento ocorra de forma ordenada. Vou simplificar a legalização de construções e Habite-se. Regularizar loteamentos da Zona Oeste. Dar título de propriedade para moradores das comunidades consolidadas e ampliar a habitação popular. Revitalizar a Zona Norte, Leopoldina e Centro, inclusive autorizar habitação na região central da cidade, e ampliar o monitoramento e gerenciamento de áreas de riscos.

Jandira Feghali (PcdoB): Muitos bairros do Rio precisam de adequação urbanística, como o Centro e as zonas Norte e Oeste, visando acessibilidade e qualidade de vida aos moradores. Vamos reavaliar o Plano de Habitação de Interesse Social (PHIS) para a Zona Portuária, estimulando a participação dos moradores da região. Um dos nossos programas é o Nova Brasil, que pretende requalificar os 32 bairros da região da Avenida Brasil, com pavimentação de qualidade, iluminação pública, novas moradias e internet banda larga.

Pedro Paulo Carvalho (PMDB): Ampliar a revitalização do Centro, requalificando 180 mil m² de ruas e construindo 10 mil moradias populares. Criar 6 parques como o Parque Madureira: 4 na Zona Oeste e 2 na Zona Norte. A região das Vargens terá obras de infraestrutura, com preservação da área verde. Continuar o Bairro Maravilha em 360km de ruas de 61 bairros nas Zonas Norte e Oeste, investindo R$ 1 bi em saneamento, drenagem e asfalto. Com o Morar Carioca, promover a integração urbanística, social e econômica de 168 mil moradores de comunidades até 2020.

Carlos Osorio (PSDB): Nosso plano de urbanismo integra infraestrutura, mobilidade, habitação e desenvolvimento econômico e social. Prevê incentivos para a construção de moradias nos eixos de transporte público de alta capacidade e em áreas degradadas que contém com infraestrutura urbana, a exemplo do entorno da Avenida Brasil. Vamos revitalizar prédios vazios em áreas centrais e estratégicas para funcionarem como projetos habitacionais ou outros empreendimentos. Vamos desburocratizar e dar transparência aos processos de licenciamento de obras.

Alessandro Molon (Rede): Nos últimos anos, o Rio cresceu para onde não havia estrutura, consumindo recursos, e abandonou áreas que ainda precisavam de suporte, como a Zona Norte. Trabalharei para estimular uma cidade menos espalhada, adensando espaços onde já há equipamentos públicos, como escolas e postos de saúde. Desenvolverei polos em diferentes regiões da cidade, gerando emprego perto de casa e casa perto do emprego. Vamos retomar o projeto de urbanização das favelas, garantindo equipamentos públicos de qualidade, saneamento e transportes.

?Carmen Migueles (Partido Novo): ?O plano diretor deve focar na redução do déficit imobiliário. No subúrbio, com a sua verticalização através da atratividade a empreendedores imobiliários, o que estimularia a mudança de moradores para regiões já atendidas pelo transporte público; por exemplo: ao longo das linhas férreas. Precisamos pensar na gestão privada dos parques e lagoas e seu potencial enorme para novas receitas. Estimular a livre concorrência com transparência para atrair investidores e financiamentos, com tecnologias e modelos bem sucedidos em outros países.

Você pode gostar