Por clarissa.sardenberg

Rio - O traficante Nicolas Labre Pereira de Jesus, o Fat Family, de 28 anos, foi morto em uma ação da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil na manhã desta segunda-feira. Agentes o encontraram em Itaoca, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. Houve intenso confronto na região antes de o criminoso ser morto. Dois comparsas do bandido que estavam armados com fuzis também morreram no confronto, de acordo com o delegado da especializada Fabrício Oliveira. 

Operação da Core no Complexo do Salgueiro matou traficante Fat Family (à esquerda)Divulgação

A operação de inteligência contou com 30 agentes e um helicóptero da Polícia Civil. O confronto ocorreu em uma região de mata, segundo a polícia. Foram apreendidos três fuzis, grande quantidade de droga e de material para endolação. 

As buscas tiveram sucesso após incursões diárias no complexo de favelas e na área do Anaia, com maior atuação do Comando Vermelho (CV). O complexo chegou a ser ocupado pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope), mas na ocasião, Fat Family conseguiu escapar para o Anaia.

Traficante Fat Family foi morto em operação da CoreDivulgação

No início deste mês, a mulher do traficante foi presa no Complexo do Salgueiro. Agentes informaram que, após investigações, obtiveram o endereço onde Fat Family e sua companheira estariam escondidos. Ela, que não teve o nome divulgado, foi levada à delegacia para prestar depoimento e confirmou que os dois moravam no local. De acordo com o delegado Felipe Cury, titular da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), a mulher não tinha passagem pela polícia e foi liberada.

Em junho, Fat Family foi resgatado por cerca de 20 criminosos armados de dentro do Hospital Souza Aguiar em uma ação que provocou pânico, a morte de um inocente e aos menos dois feridos.

Fat Family era irmão de Marcos Antônio Firmino da Silva, o My Thor, um dos líderes do CV, preso na penitenciária de segurança máxima de Catanduvas (PR). Ele comandava as bocas de fumo do morro Santo Amaro, no Catete, Zona Sul do Rio, e um dos traficantes mais procurados, com recompensa de R$ 3 mil por informações que levassem ao seu paradeiro.

Armas apreendidas em operação da Core que matou Fat Family e comparsas no Complexo do Salgueiro nesta segunda-feira Divulgação

A polícia decretou há dois meses a prisão preventiva do traficante e outros quatro. Neversino Garcia de Jesus, o Garcia do Vidigal, e Marcos Vinicius Ferreira da Silva, o MV, suspeitos de participação no resgate de Fat Family no Souza Aguiar, além de Fabiano Juvenal da Silva, o Jabá, e Luiz Alberto Araújo da Silva, o Bolão, que já estavam presos. Os cinco foram indiciados pelos crimes de tentativa de homicídio, associação para o tráfico e porte ilegal de arma de uso restrito.

População aterrorizada

As operações policiais em busca do traficante Fat Family levaram pânico a várias comunidades, como o Complexo da Maré, na Zona Norte. No final de agosto, os batalhões de Operações Especiais (Bope) e de Choque (BPChoq) chegaram a fazer buscas noturnas em casas na região após informaçõe de que Nicolas Labre estaria lá.

A população foi ao Fórum e denunciou "tortura psicológica", afirmando que o Bope invadia suas casas e os proibia de sair exigindo informações a respeito do paradeiro do traficante a todo custo. Na ocasião, Fat Family havia escapado do Hospital Souza Aguiar há cerca de duas semanas.

A juíza Angélica dos Santos Costa se posicionou a favor da população e determinou o fim das buscas, alegando que a Constituição Federal proíbe a busca domiciliar, em seu artigo 5°, no período da noite.

“É inadmissível que a polícia em pleno século XXI não encontre o caminho de enfrentar a criminalidade sem expor o cidadão de bem. Muito se fala que durante as Olimpíadas o Rio de Janeiro ficará seguro, todavia, a sociedade necessita de segurança pública antes, durante e depois do referido evento. Não há dúvidas da necessidade de realização de operações policiais que visem ao cumprimento de mandados de prisão e/ou busca e apreensão, em especial após o resgate do vulgo Fat Family de dentro de um hospital público por comparsas que não só desafiaram a atual falta de segurança pública naquele nosocômio como por todas as ruas por onde transitaram livremente e fortemente armados. Por outro lado, os órgãos de segurança pública devem adotar as devidas providências para preservar vidas e o direito de ir e vir das pessoas, buscando através de serviços de inteligência e planejamento minimizar os riscos a uma população tão sofrida e assustada pelos casos de violência”, afirmou a juíza na época.

*Colaborou o estagiário Rafael Nascimento

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