Por gabriela.mattos

Rio - Conhecido nacionalmente pelo bordão “Quem bate cartão não vota em patrão”, o PCO não aproveitou os cinco segundos de televisão a que tinha direito, apesar de ter lançado a pedagoga Thelma Maria para disputar a prefeitura carioca. Nos 45 dias de campanha oficial, a candidata também não foi às ruas pedir votos e recusou convites para debates. Ela havia garantido que, a partir desta semana, estaria na TV para “denunciar o golpe”.

Posição bem diferente de seus colegas de disputa Cyro Garcia (PSTU) e Carmen Migueles (Novo), que usaram os mesmos cinco segundos para aparecer na TV. Cyro repete, diariamente, o velho slogan do PSTU: “Contra burguês, lute e vote 16”. Já Carmen usa o tempo exíguo para se apresentar à população com criatividade.

Candidata%2C Thelma Maria não tem foto oficial de campanha. A imagem acima é de evento em BrasíliaDivulgação

Aliás, apesar de serem apontados como partidos de extrema-esquerda, o PCO e o PSTU não rezam pela mesma cartilha. Nesta eleição, as divergências entre os dois ficaram flagrantes, embora ambos adotem discursos voltados para a classe trabalhadora.

“O PSTU é coxinha com ketchup”, provoca Thelma. A sigla de Cyro, que tem o vermelho como cor, apoiou, em parte, a retirada de Dilma Rousseff. O PCO, por sua vez, defende que Dilma sofreu um golpe — e usa este discurso como principal mote da campanha. “Foi um golpe financiado pelos Estados Unidos, que não admitem a autonomia brasileira”, resume a pedagoga.

Fundado em 1995 por dissidentes do PT, o PCO recebe cerca de R$ 95 mil mensais do Fundo Partidário — é a terceira legenda que menos recebe, na frente apenas dos novatos PMB e Novo. O dinheiro é usado em campanhas durante o ano para divulgar a “luta contra o golpe”. Nas eleições, o dinheiro das campanhas — discretíssimas — vem de rifas e eventos organizados para arrecadação.

Duas vezes ao ano, eles organizam a Universidade de Férias do PCO, encontro em cidades pequenas que reúne membros do partido, familiares e convidados. “É um momento de conviver no socialismo”, explica Thelma.

Uma das principais bandeiras da legenda é o fim da Polícia Militar, “aparelho opressor criado para defender a propriedade privada e as classes dominantes”.

O ponto de vista mais polêmico, no entanto, é a defesa de algo geralmente associado à extrema-direita: o armamento da população. Mas por motivos diferentes, é claro. “Desarmar o trabalhador e armar a polícia é uma forma de facilitar a opressão policial”, opina.

?Reportagem do estagiário Caio Sartori

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