Por gabriela.mattos

Rio - Bandidos da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA) que controlam a venda de drogas na Favela da Rocinha pagavam até R$ 10 mil de ‘arrego’ (propina) semanalmente para homens da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) local. A denúncia foi feita hoje pelo ‘RJ-TV’ e faz parte de investigação da Polícia Federal que apura um plano para matar a major Pricilla Azevedo, em 2014. Na época, a policial comandava a UPP e em 2012 foi premiada pela primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, pela coragem e liderança.

Segundo a investigação, cinco policiais são acusados de trocar mensagens com o chefe do tráfico local, Rogério Avelino, o Rogério 157, que agiria sob as ordens do chefão Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, preso em penitenciária federal de Mato Grosso do Sul.

Os PMs foram identificados como Sidnei Leão dos Santos Filho, Mário Alvispo da Silva Junior, Ramon Santiago de Moura, Arnaldo Damião Cavalcanti e Alexsandro Mendez dos Santos. Este último foi morto a tiros em uma suposta tentativa de assalto no Centro de São João de Meriti, em 2015. Os demais estão afastados de suas funções.

Em uma das mensagens, Rogério 157 cobra dos militares por que não foi avisado de uma operação policial na favela. “O que combinei foi me avisar antes de subir. Quando entrar sem me avisar, desconto dois mil (reais) da meta que combinei”, escreveu o traficante. Um dos policiais tentou se justificar com o bandido: “Nosso chefe fez um acordo contigo. Então, quando tem que sair é coisa rápida. Se depender da gente, nem saímos mais. A gente está na paz com vocês”.

Segundo as investigações da PF, na troca de mensagens por celular, com autorização da Justiça, ficou comprovado que Priscila seria morta por interferir na venda de drogas na comunidade. Os bandidos queriam saber da rotina da major. “Amigo, ela nem dá as caras direito aqui. Faz faculdade e então tem pelo menos uns dois ou três dias que ela não vem aqui para ir para a faculdade”, disse um PM.

Procurada pela reportagem do DIA, a assessoria da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) informou que a major Pricilla não quer falar sobre o assunto. Atualmente, ela é a porta-voz das UPPs. O Disque-Denúncia (2253-1177) oferece R$ 2 mil de recompensa por informações de Rogério 157.

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