Por gabriela.mattos

Rio - O esquema de segurança nas eleições municipais, domingo, contará com 15 mil militares da Força Nacional em 11 municípios no estado, atendendo a uma demanda do Tribunal Regional Eleitoral do estado (TRE-RJ), que solicitou o apoio das tropas federais nestas eleições para “garantir que o eleitor possa exercer seu direito de voto com tranquilidade”, segundo o órgão. Além da capital, contarão com o reforço da Força Nacional os municípios de Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São João do Meriti, São Gonçalo, Belford Roxo, Campos, Macaé, Magé, Queimados e Japeri.

O Ministério da Justiça, a quem a Força Nacional é subordinada, não informou como será o esquema de atuação das tropas federais, que serão apoio para a Polícia Militar. Segundo o Comando Militar do Leste (CML), que responde pelas Forças Armadas (subordinadas ao Ministério da Defesa), as tropas do Exército iniciarão o patrulhamento no sábado, véspera das eleições, nas cidades de Japeri, Queimados, Belford Roxo, Nova Iguaçu, Magé, São Gonçalo, Macaé e Campos dos Goytacazes, além da cidade do Rio. Na capital, estarão nos bairros de Irajá, Curicica e Rio das Pedras. As regiões onde o Exército atuará foram escolhidas pelo TRE.

MilitaresSeverino Silva / Agência O Dia

Estrago já está feito

O ex-secretário de Segurança Nacional José Vicente Filho não vê necessidade de convocação da Força Nacional de Segurança para reforçar o esquema das eleições de domingo. “Não vejo como a violência geral possa atrapalhar de alguma forma a votação. O estrago eleitoral da violência no estado já está feito com as mortes de candidatos e os pedágios das milícias”, afirmou. Ele acredita que a Polícia Militar dê conta, assim como é suficiente no Sambódromo e nos campos de futebol.

"A crise da segurança no Rio é de amplitude e profundidade, envolvendo uma estratégia ampla que não tem e os fragilizados recursos estaduais: Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros. A eleição está garantida. Eleitos e eleitores, não. O Rio está entrando numa aguda crise de segurança e isso deve ser prioridade do governo”, criticou José Vicente.

Somente nos últimos nove meses, de acordo com a Polícia Civil, 14 pessoas vinculadas à política foram assassinadas, sendo o caso mais recente o do candidato a vereador pelo Partido Progressista (PP) e presidente da Portela, Marcos Falcon, executado a tiros em seu comitê de campanha, em Madureira, na segunda-feira.

Desembargador critica convocação

O cientista político e desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) João Batista Damasceno critica a convocação da Força Nacional nas eleições municipais. “Nunca fui a favor de convocar forças externas, aparatos repressivos militares do Estado, que não compreendem os conflitos internos dessas comunidades e, portanto, são ineficazes”, afirmou ele, que foi juiz eleitoral nos municípios de Magé e Nova Iguaçu por muitos anos.

Segundo Damasceno, a violência é tomada como solução de conflitos na Zona Oeste do Rio e na Baixada Fluminense, regiões “marcadas pelo mandonismo e caciquismo, pelo mando local”, onde “as eleições municipais acirram os interesses e os conflitos”, o que não ocorre, por exemplo, no contexto das eleições presidenciais.

Nas eleições de 2014, as Forças Armadas também integraram o esquema especial de segurança para as eleições. o Complexo da Maré foi um dos lugares do Rio que contou com a presença dos militares.

Com colaboração de Adriana Cruz

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