Por gabriela.mattos
Além dos seis animais mortos%2C outros cinco foram contaminadosWhatsApp O DIA (98762-8248)

Rio - Um surto de infecção tem vitimado macacos-pregos e micos-estrelas da Zona Sul, principalmente no Jardim Botânico. Apenas entre segunda e terça-feira, chegaram ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), da Universidade Estácio de Sá, seis animais mortos e outros cinco contaminados. Segundo o Cras, a principal suspeita é de herpes, provavelmente do tipo simiae, que pode ser fatal para os humanos.

De acordo com o chefe do Cras, o veterinário Jeferson Pires, a doença dificilmente é transmitida pelo ar. Porém, o vírus pode ser contraído por arranhões ou mordidas. Por isso, é fortemente desaconselhado manipular os animais: a herpes é de um tipo mais forte, que nos humanos pode levar à encefalite, inflamação no cérebro que pode levar à morte. “Por enquanto, não tem motivo de preocupação. Mas quem tiver entrado em contato com os animais contaminados deve consultar um médico”, advertiu Jeferson.

Ao encontrar um macaco ou mico morto, a recomendação é entrar em contato imediatamente com a Patrulha Ambiental para remoção, através do número 1746. O Cras também está disponível pelo telefone 99695-9907.

Segundo o veterinário, a suspeita de herpes vem do fato de que todos os animais que chegaram ao Cras apresentaram um quadro neurológico forte. Jeferson afirma que é possível que os animais tenham contraído o vírus de humanos. “Pode ser herpes de pessoas que comem banana e dão para os animais”, comentou.

O Cras e a Fundação Parque Jardim Botânico monitoram os animais. O Ibama também acompanha o caso. “A orientação do instituto é para não tocar nos animais com sintomas da doença. Para resgatar micos ou macacos doentes ou mortos, a população deve entrar em contato com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente”, comunicou o órgão, por nota.

Na Praça Pio XI, no Jardim Botânico, os moradores se surpreenderam ao encontrar dois primatas mortos. O presidente da Associação de Moradores e Amigos do Jardim Botânico (AMAJB), Mauro Pacanowski, afirmou que, de início, eles acreditavam se tratar de envenenamento. “É um absurdo. Todos os moradores estão muito chocados”, disse.

A praça tradicionalmente abriga uma comemoração do Dia das Crianças, com troca de livros. Segundo a Comlurb, o local já foi limpo na manhã de ontem e os garis utilizaram luvas para remover os animais mortos.

É proibido dar comida a mico

Apesar de fofos, os saguis, popularmente conhecidos como micos, são considerados transmissores de doenças e uma espécie exótica da Mata Atlântica. Os animais do tipo Callithrix fazem parte da Lista Oficial de Espécies Invasoras da Secretaria de Estado do Ambiente.

Os animais são tidos como uma ameaça para a preservação do mico-leão-dourado, que corre risco de extinção, e da biodiversidade local. Como O DIA mostrou em janeiro, a alimentação dos saguis passou a ser proibida pelo Monumento Natural dos Morros Pão de Açúcar e da Urca, unidades de conservação do município.

Segundo o biólogo Marcelo Andrade, gestor do Monumento Natural, os saguis podem transmitir raiva humana. Ele acrescentou que, quando ameaçados, os primatas podem atacar.

?Reportagem da estagiária Alessandra Monnerat

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