Rio - O Largo de São Francisco da Prainha, na Praça Mauá, ganhou neste domingo uma estátua de bronze de Mercedes Baptista, a primeira bailarina negra a compor o concorrido corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
A estátua foi doada à Zona Portuária pela Curadoria do Acervo Mercedes Baptista em uma iniciativa que contou com o apoio do Movimento Artístico da Praia Vermelha, da Prefeitura do Rio, da Secretaria de Cultura e da Secretaria de Conservação de Monumentos e Chafarizes.
Ícone e codificadora da dança Afro no Brasil, Mercedes nasceu em Campos dos Goytacazes, em 1921, e mudou para o Rio com a mãe ainda jovem. Em 1945, frequentou a Escola de Dança da bailarina Eros Volússia e, mais tarde, a Escola de Balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Aluna dedicada, Mercedes passou em um concurso e se tornou a primeira bailarina negra a fazer parte do corpo de balé do Theatro Municipal. Ainda assim, o preconceito com bailarinas negras continuou forte e poucos diretores do grupo a chamaram para participar de seus espetáculos.
Formada também pela Companhia e Escola de Dança Katherine Dunham, Mercedes uniu sua formação erudita com a valorização da cultura negra e lançou o balé afro.
A bailarina foi homenageada pela escola de samba Acadêmicos do Cubango, em
2008, com o enredo "Mercedes Baptista: de passo a passo, um passo". A veterana
morreu em agosto de 2014, aos 93 anos.