Por gabriela.mattos

Rio - O segundo debate antes do segundo turno da eleição para a Prefeitura do Rio foi marcado por ataques e ironias entre Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (Psol), na noite desta terça-feira, na RedeTV!. De um lado, o candidato do PRB acusou o psolista de defender a tática Black Bloc e reforçou que "existe ódio na militância do Psol". De outro, Freixo lembrou de um livro publicado pelo adversário em 2002 e afirmou que ele escreveu que "os católicos praticam doutrinas demoníacas".

Crivella admitiu que "usou palavras erradas", mas que era uma outra situação. Ele contou que viveu "em um ambiente de guerra, de miséria, completamente do que temos hoje". "Você acha que quem passa mais de dez anos ajudando os pobres tem ódio no coração? É altruísmo. Nos anos que tenho no Senado trabalhei o tempo todo pelos carentes", ressaltou.

Crivella e Freixo trocaram ataques em debate da Rede TV!Alexandre Brum / Agência O Dia

Já Freixo ironizou e disse que "não dá para confiar" no que o adversário diz. "O que você escreve, não é o que você fala. O que você fala, não é o que você pensa", destacou o psolista, que se defendeu dizendo que não apoia a tática Black Bloc. "Sempre fui contra qualquer forma de violência. Vocês, por outro lado, produzem ódio o tempo inteiro", acusou.

Outro assunto discutido durante o debate foi sobre o possível aumento do IPTU dos imóveis no município. O candidato do PRB afirmou que o plano de governo de Freixo prevê o aumento da taxa. No entanto, o psolista negou e explicou que fará uma revisão dos valores da cobrança. "Vamos fazer isso para criar mais justiça. Tem que ser justo. A Zona Oeste, por exemplo, teve um aumento distorcido", completou.

Crivella destacou que o candidato do Psol mudou o plano de governo no meio da campanha. "Você primeiro disse que ia fazer mais secretarias, estava escrito, mas voltou atrás", disse o senador. "Nosso programa é muito claro. Vamos tirar dez secretarias para enxugar. Você não tem programa, apenas pontos superficiais", atacou o deputado.

Apoios

Crivella e Freixo discutiram ainda sobre os apoios políticos no segundo turno e no futuro governo municipal. O candidato do Psol afirmou que o senador apoiava o ex-miliciano e ex-vereador Deco. "Quando indiciei Deco, você deu uma declaração de que ele era um iluminado. Por trás de sua fala mansa, ninguém sabe quem você é", ironizou Freixo.

O candidato do PRB se defendeu e disse que Deco tinha ficha limpa quando veio para o partido. "Ele foi punido. Ao seu lado tem o PT e o PcdoB. Não sou covarde, não vou fazer que nem você faz, não vou colocar nas suas costas, não vou cair no seu jogo e nem postar no Facebook, que é coisa de covarde", reforçou Crivella.

O psolista acusou ainda Crivella de trazer Rodrigo Betlhem, que foi acusado de corrupção e afastado do governo do atual prefeito Eduardo Paes. "Por que você insiste em trazer esse tipo de gente para o governo do Rio?", questionou o candidato.

Já o senador negou que ele participará de seu mandato e atacou o adversário: "Como você pode ser do direitos humanos e acusar sem julgamento?". Crivella disse ainda que "é engenheiro, da prática e não da teoria" e reforçou que é "ficha limpa e pessoas gabaritadas vão ocupar os cargos".

Segurança pública

Em relação à segurança, Crivella disse que o psolita "foi conivente com o tráfico". Freixo atacou o candidato dizendo que o ex-governador Anthony Garotinho apoiará o possível governo do senador. "Na época dele, as milícias cresceram. Era um caos absoluto. Espero que você não traga de volta o modelo de seu aliado", afirmou. No entanto, Crivella reforçou que "não há a menor chance de Garotinho participar do governo".

Ainda sobre este tema, Freixo contou que no seu governo fará uma "malha de uma política inteligente", trazendo especialistas para discutir sobre segurança pública. "Queremos saber qual é a violência em cada bairro, porque são casos diferentes", completou.

Crivella criticou a proposta do adversário e ironizou dizendo que "Freixo é muito acadêmico". "Isso [as propostas] não resolve sua vida. No meu [programa de governo] existem metas e números. A Guarda Municipal não vai ficar multando e coibindo apenas camelôs. Vai cuidar também do policiamento. Haverá uma força tarefa para diminuir o crime", explicou.

Educação e saúde

Em relação ao tema da Educação, o senador destacou que quer continuar avaliando os professores. "Vamos tratar da Educação com respeito, sem enganar o professor", acrescentou. Ele questionou ainda ao Freixo de que forma ele quer reduzir em 30% a carga horária dos profissionais, mesmo com o orçamento municipal menor.

Freixo atacou e reforçou que "o programa foi feito baseado na lei que você [Crivella] não conhece". "O professor tem direito de ter um terço de seu tempo para planejar a sua aula. Isso significa qualidade da aula para os alunos", explicou.

Durante o debate, alguns jornalistas fizeram perguntas aos candidatos, como sobre a saúde do município. O candidato do PRB afirmou que "nunca um senador conseguiu trazer tantos recursos". "No caso de hospitais da Zona Oeste é importante municipalizar. Com parcerias, vamos ajudar o estado no que for possível", destacou.

Já o psolista afirmou que vai manter as Clínicas da Família e manter o "controle municipal entre clínicas e especialidades". "Queremos cobertura completa nos territórios", acrescentou.

Aumento de tarifas de ônibus, corredor transolímpico e Uber

Outros assuntos discutidos foram sobre tarifa de ônibus, corredor transolímpico e Uber. Sobre a passagem de ônibus, um dos jornalistas perguntou de que forma Crivella agirá diante de possíveis protestos contra o aumento do valor. "Temos que discutir o preço das passagens e o ISS. Sou engenheiro e sentarei para discutir a questão. Minha proposta é que o vale tenha três horas e seja acoplado ao metrô. BRTs precisam de investimento", explicou o candidato do PRB.

Em relação ao desemprego na cidade, Crivella disse que vai qualificar esse grupo por meio de parcerias e vai melhorar a mão de obra. "Para gerarmos mais emprego, precisamos melhorar a qualificação, via concurso ou empregos privados", explicou.

Sobre o corredor transolímpico, Freixo afirmou que "não vê sentido em pedágios". "É importante uma rede de tecnologias e participação pública. Vamos cumprir os contratos por lei, mas vamos revê-los para consertar. Não deixaremos pela metade", reforçou.

Já sobre o Uber, Crivella lembrou que o "prefeito não pode acabar com o Uber". "Temos que aguardar a decisão da Justiça. Sei da luta dos taxistas. O problema da diária é grande", completou.

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