Por gabriela.mattos

Rio - A crise financeira já publicamente admitida pelo governo do estado está se refletindo também na rede federal de saúde do Rio. O Ministério da Saúde afirma ter repassado este ano R$ 3,3 bilhões para o estado e R$ 1 bilhão para o município, para a aplicação em cirurgias de média e alta complexidade, mas não parece ser suficiente. Os hospitais federais dos Servidores, Ipanema, Lagoa, Cardoso Fontes, Andaraí e Bonsucesso estão superlotados, com aumento de até 31% no atendimento de emergência no primeiro semestre deste ano. A quantidade de cirurgias no mesmo período subiu 23,4%.

Média e alta complexidade envolvem internações e tratamentos difíceis, como oncológicos. A situação das unidades federais veio à tona depois que O DIA mostrou ontem, com exclusividade, o sofrimento da paciente Maria Sena Nascimento, de 73 anos, de Nova Iguaçu, que há seis anos busca socorro para operar os joelhos devido à gonartrose — um tipo de artrose de caráter inflamatório e degenerativo que destrói a cartilagem articular e causa deformidades das articulações e fortes dores.

Maria Sena%2C que espera há um ano por cirurgia%2C será reavaliada na próxima semana no Hospital de IpanemaDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

Há um ano ela espera numa fila no Hospital Federal de Ipanema, onde ocupa a 471ª posição com prioridade para passar pela cirurgia. A assessoria de imprensa do HFI informou que Maria Sena, que luta na Justiça pelo direito à assistência médica imediata, tem uma consulta marcada para a semana que vem, quando seu quadro de gravidade será reavaliado para possível cirurgia, indicada desde o dia 4 de abril. “Minha mãe está confiante e sonhando em realizar seu maior desejo no momento, que é andar novamente”, diz Isaque, 35, filho de Maria.

Nos hospitais federais do Rio, o aumento de cirurgias (por indicações médicas, ambulatoriais e partos) chegou a 23,4% comparando os primeiros semestres de 2014 (17.993), 2015 ( 20.945) e 2016 (25.858). Nos mesmos períodos, o total de atendimentos de emergências nos plantões subiu 31,23%: só no primeiro semestre foram 62.016.

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