Por adriano.araujo

Rio - "Ele tinha tudo para ser preso. Ele me bateu, quebrou o meu nariz e um dedo meu." Esse é o relato da jogadora de vôlei do Fluminense Luciana Severo que foi agredida durante uma briga de trânsito na última quinta-feira, em Ipanema, na Zona Sul. De acordo com a vítima, um taxista a agrediu após uma discussão no trânsito, na Rua Prudente de Moraes. Luciana teve o dedo e o nariz quebrados, além de várias luxações pelo corpo. Motorista terá registro de taxista cassado.

"Eu fui agredida por nada. Eu tenho um carro grande, e por isso eu puxo o freio de mão quando paro no sinal, medida de segurança. Na quinta foi a mesma coisa. Eu parei na Prudente de Moraes, pois o sinal estava vermelho", lembra a vítima. "Assim que o sinal abriu, coisa de segundos, um homem começou a buzinar, a gritar e a me xingar. Eu dei passagem a ele, mas ele não seguiu", afirma a jogadora, que diz ter sido seguida minutos antes da agressão. O taxista que bateu em Luciana foi identificado como sendo Williams Lopes Barboza.

Luciana contou que teve o nariz e um dedo quebradosReprodução Internet

"Quando eu parei novamente na Prudente de Moraes, em um outro sinal, já que eu iria entrar numa rua que dá acesso à praia e seguir em direção à São Conrado, esse homem desceu e foi em direção do meu carro", diz. Luciana relata que desceu do carro, pra mostrar que era uma mulher, no entanto, foi nesse momento que foi atacada com socos e chutes. "Ele me peitou e já começou a me bater. Foram vários socos e chutes. Eu caí no chão e mesmo assim ele continuou me chutando. Um senhor de idade que estava com um carro do meu lado viu a cena e logo foi para apartar a agressão."

A jornaleira Cléo de Almeida, que trabalha perto do local da agressão, disse ao "RJTV" da TV Globo que a vítima e o agressor já vinham discutindo. "Aí quando ela parou o carro e abriu a porta, ele já chegou empurrando e a jogou no chão, como se ela fosse lixo. Ela no chão e ele em cima, dando chutes e socos", contou, confirmando a versão da jogadora.

Ainda de acordo com a testemunha, ela tentou afastar William da vítima, com ajuda de outro homem, e chamou a polícia. "Eu disse que ele era um psicopata para agredir alguém daquele jeito, ele disse que ela o agrediu primeiro, mas eu falei que não era motivo para aquela violência e que ele deveria ter tentado segurá-la, não bater nela". Cléo prestou depoimento e disse não saber por que o agressor foi liberado. "O delegado ainda disse que ele (Williams) já tinha passagem pela polícia, não entendi como ele foi liberado", questionou.

Segundo Luciana%2C o agressor é o taxista Williams LopesReprodução Internet

Segundo a vítima e as testemunhas, a Polícia Militar foi chamada para a ocorrência, mas teria demorado mais de uma hora para atender a ocorrência. A vítima contou que o homem não teria sido algemado e que foi escoltado, em seu táxi, até a 14ª DP (Leblon). Já as testemunhas foram levadas em uma outra viatura. Em nota, a PM nega a demora e afirma que policiais do 23º BPM (Copacabana) chegaram ao local em um intervalo de 10 minutos.

Por conta do nariz e o dedo quebrados, e vários machucados pelo corpo, Luciana foi encaminhada para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, onde passou por vários exames. Em seguida foi levada para o Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo de delito, no qual foi constatada a existência de lesões de natureza leve. "Eu estou toda machucada. Tenho que passar por uma cirurgia por conta dessa agressão. O time em que eu jogo tem uma final, e eu não vou poder jogar", lamenta a vítima. Luciana afirmou que pretende processar Williams Lopes por agressão e lesão corporal.


O DIA procurou a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) para saber as medidas que serão adotadas contra o motorista. De acordo com a SMTR, o órgão "solicitará informações às autoridades policiais sobre o caso envolvendo o motorista auxiliar Williams Lopes Barboza". Ainda segundo a Prefeitura, como medida imediata, "dará início ao processo de cassação do Registro de Auxiliar de Transporte (RATR) por desvio comportamental, no qual a conduta ofereceu riscos à segurança, a boa educação e à saúde da população". Por fim, a Prefeitura informou que "repudia qualquer ato de violência e afirma que casos como esse são absolutamente reprováveis pelo poder público."

De acordo com a Polícia Civil, a vítima, as testemunhas e o agressor — que foi liberado — prestaram depoimentos durante quase seis horas. A delegacia não informou o porquê da liberação do agressor, que teria outras passagens por agressão. A reportagem também tentou contato com o taxista Williams Lopes Barboza. No entanto, o suspeito das agressões não respondeu aos questionamentos.

Reportagem do estagiário Rafael Nascimento

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