Rio - "Ele tinha tudo para ser preso. Ele me bateu, quebrou o meu nariz e um dedo meu." Esse é o relato da jogadora de vôlei do Fluminense Luciana Severo que foi agredida durante uma briga de trânsito na última quinta-feira, em Ipanema, na Zona Sul. De acordo com a vítima, um taxista a agrediu após uma discussão no trânsito, na Rua Prudente de Moraes. Luciana teve o dedo e o nariz quebrados, além de várias luxações pelo corpo. Motorista terá registro de taxista cassado.
"Eu fui agredida por nada. Eu tenho um carro grande, e por isso eu puxo o freio de mão quando paro no sinal, medida de segurança. Na quinta foi a mesma coisa. Eu parei na Prudente de Moraes, pois o sinal estava vermelho", lembra a vítima. "Assim que o sinal abriu, coisa de segundos, um homem começou a buzinar, a gritar e a me xingar. Eu dei passagem a ele, mas ele não seguiu", afirma a jogadora, que diz ter sido seguida minutos antes da agressão. O taxista que bateu em Luciana foi identificado como sendo Williams Lopes Barboza.
"Quando eu parei novamente na Prudente de Moraes, em um outro sinal, já que eu iria entrar numa rua que dá acesso à praia e seguir em direção à São Conrado, esse homem desceu e foi em direção do meu carro", diz. Luciana relata que desceu do carro, pra mostrar que era uma mulher, no entanto, foi nesse momento que foi atacada com socos e chutes. "Ele me peitou e já começou a me bater. Foram vários socos e chutes. Eu caí no chão e mesmo assim ele continuou me chutando. Um senhor de idade que estava com um carro do meu lado viu a cena e logo foi para apartar a agressão."
A jornaleira Cléo de Almeida, que trabalha perto do local da agressão, disse ao "RJTV" da TV Globo que a vítima e o agressor já vinham discutindo. "Aí quando ela parou o carro e abriu a porta, ele já chegou empurrando e a jogou no chão, como se ela fosse lixo. Ela no chão e ele em cima, dando chutes e socos", contou, confirmando a versão da jogadora.
Ainda de acordo com a testemunha, ela tentou afastar William da vítima, com ajuda de outro homem, e chamou a polícia. "Eu disse que ele era um psicopata para agredir alguém daquele jeito, ele disse que ela o agrediu primeiro, mas eu falei que não era motivo para aquela violência e que ele deveria ter tentado segurá-la, não bater nela". Cléo prestou depoimento e disse não saber por que o agressor foi liberado. "O delegado ainda disse que ele (Williams) já tinha passagem pela polícia, não entendi como ele foi liberado", questionou.
Segundo a vítima e as testemunhas, a Polícia Militar foi chamada para a ocorrência, mas teria demorado mais de uma hora para atender a ocorrência. A vítima contou que o homem não teria sido algemado e que foi escoltado, em seu táxi, até a 14ª DP (Leblon). Já as testemunhas foram levadas em uma outra viatura. Em nota, a PM nega a demora e afirma que policiais do 23º BPM (Copacabana) chegaram ao local em um intervalo de 10 minutos.
Por conta do nariz e o dedo quebrados, e vários machucados pelo corpo, Luciana foi encaminhada para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, onde passou por vários exames. Em seguida foi levada para o Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo de delito, no qual foi constatada a existência de lesões de natureza leve. "Eu estou toda machucada. Tenho que passar por uma cirurgia por conta dessa agressão. O time em que eu jogo tem uma final, e eu não vou poder jogar", lamenta a vítima. Luciana afirmou que pretende processar Williams Lopes por agressão e lesão corporal.
O DIA procurou a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) para saber as medidas que serão adotadas contra o motorista. De acordo com a SMTR, o órgão "solicitará informações às autoridades policiais sobre o caso envolvendo o motorista auxiliar Williams Lopes Barboza". Ainda segundo a Prefeitura, como medida imediata, "dará início ao processo de cassação do Registro de Auxiliar de Transporte (RATR) por desvio comportamental, no qual a conduta ofereceu riscos à segurança, a boa educação e à saúde da população". Por fim, a Prefeitura informou que "repudia qualquer ato de violência e afirma que casos como esse são absolutamente reprováveis pelo poder público."
De acordo com a Polícia Civil, a vítima, as testemunhas e o agressor — que foi liberado — prestaram depoimentos durante quase seis horas. A delegacia não informou o porquê da liberação do agressor, que teria outras passagens por agressão. A reportagem também tentou contato com o taxista Williams Lopes Barboza. No entanto, o suspeito das agressões não respondeu aos questionamentos.
Reportagem do estagiário Rafael Nascimento