Por thiago.antunes

Rio - “Nada termina hoje. Outra luta começa”. A fala de Marcelo Freixo (Psol) após confirmada a derrota para Marcelo Crivella (PRB), neste domingo, na Cinelândia, deixa claro o papel dos psolistas nos próximos anos: o de forte oposição ao novo governo. O partido vai ter, a partir de janeiro, a segunda maior bancada da Câmara Municipal, com seis vereadores eleitos — atrás apenas do PMDB, com dez.

Diante de uma praça lotada, Freixo destacou a mobilização dos eleitores ao longo da campanha. “Não foram poucos os que se emocionaram na hora de pedir voto e votar. A campanha foi colaborativa do início ao fim”, disse. “Nós vencemos essa eleição. Nós vencemos porque a nossa vida não é movida exclusivamente pela pauta das urnas. Nós devolvemos as pessoas para a praça pública, devolvemos a alegria e a emoção de se fazer política no Rio”, completou.

Freixo discursou após resultado na Cinelândia. 'Outra luta começa agora'Daniel Castelo Branco / Agência O Dia

Freixo reconheceu a vitória de Crivella, mas fez questão de cutucar a comemoração do adversário, que celebrou o triunfo em um clube fechado. “Nosso sonho não cabe em nenhum clube. Nossa luta é na praça pública”, apontou Freixo, que chamou de “fundamentalismo perverso e covarde” a campanha do PRB.

Sobre as provocações que nortearam o segundo turno, o candidato derrotado foi sucinto. “Não retiro absolutamente nada do que disse em relação ao Crivella, não faço um jogo de cena. Mas aqui, hoje, foi para celebrar nossa vitória. O que eu tinha para falar do adversário foi dito no segundo turno e está mantido”.

O deputado ressaltou, ainda, a mobilização dos eleitores, de dentro e fora do Rio, que financiaram a campanha. “Foi uma das campanhas mais bonitas, representativas e emocionantes da história deste país. Meu programa é, sem dúvidas, o melhor já feito para o Rio. Olha essa praça. Foram vocês que fizeram isso tudo acontecer. É uma vitoria extraordinária da democracia. Fizemos uma campanha sem nenhuma pesquisa qualitativa. Isso nunca aconteceu”, afirmou.

Muitos eleitores se emocionaram e aplaudiram cada fala do discurso. “É importante que a gente se abrace, olhe olho no olho", pediu Freixo, que foi atendido por eleitores. Muitos, inclusive crianças, choraram diante do carro de som.

Mesmo com resultado%2C Cinelândia ficou lotadaDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

Deputado estadual, ele garantiu que ainda não pensa nas eleições de 2018. Nem na de 2020. “Neste momento, não adianta pensar nisso. Está longe. Quero discutir o que faremos este mês”, disse o parlamentar, que promete forte oposição ao novo governo.

Outro ponto abordado foi a defesa dos direitos humanos, bandeira muitas vezes incorporada de maneira provocativa por adversários. “Fui, minha vida inteira, um militante dos direitos humanos. E vou continuar sendo. Isso nunca foi defender crime, defender violência. Nós vamos, sim, estar do lado dos que mais precisam”, enfatizou.

A crise da esquerda no país foi usada pelo psolista para mostrar como, segundo ele, o feito do partido no Rio — chegar ao segundo turno derrotando o PMDB no primeiro — foi relevante. “Renasce no Rio um projeto de esquerda responsável, capaz de disputar a cidade. Enfrentamos (no segundo turno) um setor que mistura, sim, política e religião da pior maneira possível”.

Em cima do carro de som, Freixo teve a companhia da candidata a vice Luciana Boiteux e de parlamentares psolistas. "Nossos inimigos estão no poder. Nossa luta precisa ser de organização, de base", mobilizou Luciana, apresentada durante a campanha como 'coprefeita'.

Reportagem do estagiário Caio Sartori

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