Por gabriela.mattos
Rio - O terceiro dia de protestos contra o pacote de medidas anticrise do governo estadual foi marcado por forte tensão na porta da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Manifestantes acusavam agentes do Batalhão de Choque da Polícia Militar de agir com violência contra aqueles que tentavam entrar na Casa. Houve correria. Bombas de efeito moral e spray de pimenta foram usados para dispersar os manifestantes.
Um funcionário do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase) foi detido e encaminhado para a 5ª DP (Praça da Harmonia) e alguns servidores ficaram feridos. O comércio baixou as portas e algumas ruas no entorno foram bloqueadas pelos policiais.
Terceiro dia de protestos foi marcado por tumulto na AlerjDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

A confusão começou quando o presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), durante a plenária com as lideranças partidárias, decidiu não receber representantes do ato para uma conversa. Identificado como Diogo Muchiba, o agente penitenciário teria sido detido ao furar o bloqueio policial em frente à Assembleia. Servidores questionaram a ação policial. “Por que só fizeram isso hoje (quarta)? Tem policial ali na barreira que estava desse lado da luta ontem (terça)”, disse Marcos Antônio, funcionário do Tribunal de Justiça, referindo-se ao protesto na véspera, que reuniu muitos policiais e bombeiros.

Aposentado do Judiciário, Abílio Ignácio, de 61 anos, foi ferido por uma bala de borracha. “Essa é uma casa do povo e não permitiram que representantes dos servidores entrassem”, disse. Diretor do Sindicato dos Servidores do Judiciário (SindJustiça), Ramon Carrera desabafou: “Fui atingido com spray de pimenta no rosto, tentamos entrar de forma pacífica. O Picciani disse que nos receberia no dia 16, mas queremos ser ouvidos antes do início das discussões do pacote.”

Picciani retira os 30% da pauta

Jorge Picciani mudou o discurso. No dia anterior, era enfático ao defender a aprovação das medidas propostas por Pezão. Nesta quarta-feira, após conversa com deputados da base do governo, voltou atrás em relação a parte do pacote.

“Ouvi a grande maioria dos partidos. Há um excesso. Vamos apreciar de 11% para 14% (a cota extra para servidores). Nada impede que um deputado produza uma emenda que eleve no máximo a 14% para aqueles que hoje não pagam. Em relação a essa sobretaxa de 16% e 30%, o parlamento não vai se pronunciar porque vou devolver (o projeto) ao governo”, disse Picciani.

Funcionários fizeram reparos após a invasão de terça.Houve depredação de computadores, vidraças e móveis.

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