Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - Um fotógrafo que cobria uma manifestação no Centro do Rio na noite desta sexta-feira foi agredido por policiais militares que acompanhavam o ato. O profissional seguia os manifestantes — que protestavam contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC 241), do Governo Federal, que no Senado Federal passou a ser analisada pelos parlamentares como PEC 55, que estabelece um teto para gastos públicos e contra o arrocho fiscal proposto pelo governo do Rio — quando em um determinado momento houve uma confusão e a Polícia Militar reprimiu o protesto.
Profissional foi agredido por pelo menos seis agentes da PMsReprodução Internet
Em um vídeo, divulgado na internet e nas redes sociais, é possível ver que o profissional estava com uma mochila e sua câmera quando é atacado por seis PMs — do 5º BPM (Praça Harmonia) — e do Batalhão de Policiamento em Grandes Eventos (BPGE), que com cassetetes batem na vítima. No áudio, pessoas que cobriam o ato falam para um PM que o homem que está sendo agredido é da imprensa e mesmo assim os agentes continuaram o agredindo. Logo depois é cercado, pedida a sua identificação e teria sido preso. A confusão aconteceu na rua São José, perto da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
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Procurada, a Polícia Militar lamentou o ocorrido e afirmou que a atitude dos agentes foi desproporcional. Ainda de acordo com a PM, esse não é o padrão regulado no âmbito corporativo. Ainda segundo comunicado, a agressão ao profissional aconteceu no final da manifestação quando um pequeno grupo de manifestantes começaram um tumulto. Ainda segundo a Polícia Militar, um inquérito foi aberto para avaliar a conduta dos policiais.
Durante a confusão cinco pessoas foram presas e encaminhadas para a 5ª DP (Mem de Sá). Procurada, a Polícia Civil ainda não disse se registrou algum boletim de ocorrência na delegacia.
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O ato contra o arrocho fiscal
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Pelo menos vinte mil pessoas, segundo os organizadores, foram às ruas, na tarde desta sexta-feira, novamente contra o pacote anticrise do estado e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que prevê o congelamento dos gastos públicos por 20 anos e contra o pacote de medidas para reequilibrar a economia do Rio. O ato que contou com a participação de representantes de sindicatos, da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Fundação Escola de Serviço Público do Estado do Rio de Janeiro (Fesp), seguiu pacifico até por volta das 20h30, quando um pequeno grupo de jovens mascarados soltaram um rojão em frente à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o que provocou a reação dos policiais que faziam a segurança do prédio. Na ocasião, os PMs tentaram perseguir o grupo e jogaram gás lacrimogêneo para dispersar o tumulto. Alguns destes manifestantes fizeram barricadas no meio da rua com mesas e cadeiras dos bares. Além disso, atearam fogo em sacos de lixo na via. Três pessoas foram presas.
OAB emite nota de repúdio
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A Comissão de Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RJ) divulgou um comunicado repudiando a ação dos policiais militares. 
"A Comissão de Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado do Rio de Janeiro (OAB/RJ), vem a público repudiar a covarde agressão fisica perpetrada por policiais militares na noite de sexta-feira, no Centro do Rio, contra um homem que tinha única e simplesmente uma câmera fotográfica nas mãos. O fato se tornou conhecido graças à repercussão, nas mídias sociais, de imagens de celular feitas por testemunha do incidente", diz a nota.
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O órgão também afirma que pedirá a instauração de processo disciplinar para que os responsáveis sejam punidos. "A OAB/RJ informa que pedirá ao comando da Polícia Militar do Estado do Rio a imediata instauração de processo disciplinar para, confirmando-se os lamentáveis fatos, os envolvidos sejam punidos. Polícia nenhuma no mundo pode agir desta forma contra qualquer cidadão, seja ele jornalista ou manifestante, e tais fatos só demonstram o completo despreparo destes policiais agressores"
Semana de manifestações
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Na segunda-feira, um grupo de servidores da Segurança Pública — Polícia Militar, Civil e Corpo de Bombeiros — invadiu a Alerj. Na ocasião, os manifestantes depredaram e quebraram a sala da vice-presidência da Casa. Na ocasião, ninguém foi impedido de entrar no local. Um dia após a invasão, o comandante Rodrigo Sanglard foi exonerado do comando do Batalhão de Policiamento em Grandes Eventos (BPGE), principal unidade que fazia a segurança ao Palácio no dia do protesto.
Na última quarta-feira, também houve outra manifestação contra o pacote anticrise dos governos federal e estadual. Deste vez, houve confusão no Centro, quando a Polícia Militar utilizou gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral para dispersar o manifestantes que faziam um ato pacifico. Na ocasião, um funcionário do Departamento Geral de Ações Socioducativas (Degase) foi detido. Já na quinta-feira, os servidores voltaram às ruas contra o fim do Aluguel Social, deste vez sem confronto.
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Reportagem de Rafael Nascimento, estagiário