Por clarissa.sardenberg
Rio - Acordados ao som de tiros e com as casas ainda sob revista de policiais, mesmo após decisão judicial emitida na última sexta-feira que suspende a ação, moradores afirmam que o clima continua tenso na Cidade de Deus, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. “Tive que sair da comunidade e vir para a casa da minha mãe hoje (ontem) cedo, porque não está dando para aguentar. Queria estar na minha casa, com as minhas coisas. Deixei tudo lá e vim com as crianças. É tiroteio direto, a polícia esculachando qualquer morador na rua. Está todo mundo com medo”, relata uma moradora que, por segurança, preferiu não se identificar.
Operação policial na Cidade de Deus ocorre há uma semana Johnson Parraguez/Parceiro/Agência O Dia

Ontem pela manhã, policiais militares fizeram uma nova operação na Cidade de Deus. Segundo o comando da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da localidade, agentes do Grupamento de Intervenções Táticas (GIT), com apoio de PMs do Jacarezinho, realizavam buscas por traficantes na parte da quando na Rua Israel, altura do número 15, de acordo com os policiais, foram recebidos a tiros e revidaram. Não houve prisões.

Também foram feitas incursões pela Rua Alberto Lima, e os policiais da UPP local informaram que apreenderam 1.520 trouxinhas de maconha. A droga estava, segundo eles, dentro de uma lixeira que teria sido empurrada por um homem que, ao ver a aproximação dos policiais, saiu correndo. A ocorrência foi registrada na Delegacia de Polícia da Taquara (32ª DP), em Jacarepaguá.
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Posicionamentos
Sobre as buscas nas casas dos moradores da comunidade, questionada pelo DIA, a PM não respondeu. Já a Polícia Civil esclareceu que não houve operações no local neste fim de semana e que desconhece qualquer mandado de busca e apreensão que justifique a ação. Em nota, o comando da UPP Cidade de Deus informou que, qualquer denúncia referente a atuação dos agentes pode ser feita à Ouvidoria Paz com Voz, principal canal de comunicação entre moradores e UPPs.
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O clima na Cidade de Deus é tenso desde a última semana quando um helicóptero da Polícia Militar caiu e matou quatro agentes que estavam a bordo. No mesmo dia, sete moradores da comunidade, suspeitos de envolvimento com o tráfico local, foram encontrados mortos e com sinais de espancamento em uma área de mata na comunidade.