Por gabriela.mattos
Ferreira Gullar morreu neste domingoCristina Lacerda / Divulgação
Rio - Diversos artistas e políticos lamentaram a morte do poeta Ferreira Gullar neste domingo. O escritor e teatrólogo, de 86 anos, estava internado no Hospital Copa D'Or, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, desde este sábado. Nascido em 1930 em São Luís, no Maranhão, José Ribamar Ferreira foi eleito imortal em 2014 na Academia Brasileira de Letras. 
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Por meio de seu Twitter, o presidente Michel Temer afirmou que o país perde um "poeta de primeira grandeza". "Ferreira Gullar deixa um vazio imenso na literatura nacional", destacou. O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, também homenageou escritor. Ele afirmou que Gullar é "uma das expressões mais fortes da literatura brasileira".
"Em todas as dimensões em que atuou, o fez com maestria e densidade. Antes de ser imortalizado pela Academia Brasileira de Letras, Ferreira Gullar já fora eternizado pela sua obra, por isso, o poeta sempre será lembrado. Meus sinceros sentimentos aos familiares e amigos", disse, em nota.
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Governador do Maranhão, onde Gullar nasceu, Flávio Dino decretou luto no estado em homenagem ao poeta. "Decreto agora luto oficial no Maranhão, em razão do falecimento de Ferreira Gullar, que nunca exilou-se daqui, como mostrou no Poema Sujo", disse.
Na Internet, o deputado estadual Carlos Minc também lamentou a morte do escritor. "Homenageio o grande poeta, escritor, resistente Ferreira Gullar. Poema sujo-retrato dos tempos de intolerância que vivemos. Viva Gullar!", reforçou o parlamentar.
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Assim como os políticos, artistas homenagearam o poeta. No Facebook, o cantor Leoni publicou o poema "Subversiva", escrito por Gullar. A atriz Lucia Veríssimo também lamentou a morte do escritor e disse que "a poesia brasileira perde hoje um dos seus maiores representantes". "Muito triste com a notícia que meu amigo Ferreira Gullar nos deixou", escreveu na sua página do Twitter.
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O Ministério da Cultura publicou uma nota no site sobre a morte de Gullar. O órgão destacou a importância da carreira do escritor, como a indicação ao Prêmio Nobel de Literatura em 2002.
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Leia a íntegra da nota do Ministério da Cultura
Em um momento em que o Brasil vive luto pelo acidente que vitimou a equipe da Chapecoense e jornalistas, é com grande pesar que o Ministério da Cultura (MinC) recebeu a notícia da morte do poeta, escritor e teatrólogo maranhense Ferreira Gullar, ocorrida neste domingo (4), aos 86 anos, no Rio de Janeiro. Gullar, que em novembro deste ano recebeu a Ordem do Mérito Cultural, principal condecoração pública da área da cultura, era considerado um dos maiores autores brasileiros do século XX.

Gullar teve sua trajetória marcada por grandes contribuições ao desenvolvimento da cultura brasileira. Em 2002, foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura. Em 2014, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira número 37. Também recebeu o Prêmio Molière, de teatro, e Saci, de cinema e teatro, o Prêmio Jabuti de Melhor Livro de Ficção, em 2007, e o Prêmio Camões, em 2010.

No início de sua carreira, Ferreira Gullar integrou o grupo literário da revista Ilha, que lançou o pós-modernismo no Maranhão. Depois, morando no Rio de Janeiro, participou do movimento da poesia concreta, sendo considerado extremamente inovador e escrevendo seus textos em materiais como placas de madeira.

Em 1956, participou da exposição que foi considerada marco oficial do início da poesia concreta. Três anos depois, afastou-se dessa corrente e criou o neoconcretismo, que valorizava a expressão e a subjetividade em oposição ao concretismo ortodoxo.

No começo dos anos 60, rompeu com mais esse movimento por considerar que o neoconcretismo levava ao abandono entre palavra e poesia. Passou para uma produção engajada e envolvida com os Centros Populares de Cultura (CPCs).

Ferreira foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e terminou exilado pela ditadura. Na Argentina, escreveu uma das obras-primas da língua portuguesa, o Poema Sujo, que teve, entre seus entusiastas e divulgadores, o diplomata Vinicius de Moraes.

Ao saber da morte de Gullar, o presidente Michel Temer designou o ministro Roberto Freire seu representante no funeral do poeta. Gullar e Freire eram amigos de longa data, atuando lado a lado pela redemocratização do Brasil durante a ditadura militar e também pela valorização da cultura brasileira.
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