Por thiago.antunes

Rio - Uma manifestação contra mudanças no pacote anticorrupção aprovado pelo Congresso levou, neste domingo, pelo menos 40 mil pessoas à Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio. A maioria dos ativistas carregou faixas e cartazes e vestiu camisas verdes, amarelas ou da Seleção Brasileira. Os manifestantes ficaram concentrados na altura do Posto 5 e ocuparam a faixa direita da Avenida Atlântica.

Manifestantes fizeram um ato contra as mudanças do pacote anticorrupção e em defesa das investigações da Operação Lava Jato%2C neste domingo%2C em CopacabanaFoto%3A Estefan Radovicz / Agência O Dia

Alguns carros de som, com pessoas gritando palavras de ordem, estão em parte da via. Os presentes também reivindicam a continuidade da Operação Lava Jato, além do 'fim do modo corrupto de fazer política'. Há também bonecos infláveis, um deles com motivos militares e que exibe uma faixa pedindo a volta da Ditadura Militar. O protesto terminou sem incidentes.

O administrador de empresas, Fernando Martins, 47 anos, atualmente desempregado, culpa o governo Temer pelo momento atual. "Acho que nossa presença aqui é importante por conta dessa corrupção. A gente está acompanhando essa vergonha que está aí. Esse pacote de medidas vai acabar com a Lava Jato. Em relação ao Rio, nós vemos a mulher do Cabral ganhando presentes e mais presentes e o povo em saúde e Educação. Estou cansado, não aguento mais. Quero um país mais justo", disse.

Manifestantes fizeram um ato contra as mudanças do pacote anticorrupção e em defesa das investigações da Operação Lava Jato%2C neste domingo%2C em CopacabanaFoto%3A Estefan Radovicz / Agência O Dia

A administradora Christina Copelli, 50 anos, disse estar indignada com as medidas da Câmara. "Estou indignada pelo que os deputados fizeram de madrugada, enquanto o povo estava triste com a tragédia da Chapecoense. Estou aqui fazendo a minha parte, eles não me representam. Sou a favor da Lava Jato, quero que o Moro continue e pegue todos os corruptos e leve pra Curitiba", afirmou.

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Muitos manifestantes também carregaram faixas em apoio à atuação do juiz Sérgio Moro, do Ministério Público e da Polícia Federal. Um boneco de Moro em traje de gala em tamanho real foi aplaudido pelos presentes, que também usam camisetas em reverência ao juiz.

Adriana Balthazar, uma das coordenadoras do Movimento Vem pra Rua RJ, disse que ainda não foi possível estimar a quantidade de pessoas esperadas para o protesto, mas que será "grande". "Estão chegando grupos de todos os lugares: Ministério Público, Igreja, a população como um todo. Queremos chamar a atenção para a pressão que a Lava Jato está sofrendo e para os congressistas, que estão tentando fazer lei para salvar a própria pele". Por volta das 17h, o movimento informou que 600 mil pessoas compareceram ao protesto.

Manifestantes fazem protesto na altura do posto 5%2C em CopacabanaEstefan Radovicz / Agência O Dia

Movimentos

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O Vem Pra Rua (VPR), que participou ativamente da divulgação das medidas anticorrupção, é o principal organizador do ato. E tem o apoio do Movimento Brasil Livre (MBL), que ganhou fama durante o Fora Dilma/Fora PT e agora se dedica a malhar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
O Vem Pra Rua se coloca “contra o jeito corrupto de fazer política”, mas defende que essa luta seja travada em clima democrático, em textos no Facebook. Apesar disso, terá o reforço de grupos favoráveis à intervenção militar, que no protesto em São Paulo terão espaço privilegiado na Avenida Paulista.
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É a primeira vez que MBL e VPR organizam protestos contra parlamentares — antes, eram muito focados no antipetismo da luta pela retirada de Dilma do poder. A medida mais criticada pelos grupos é o destaque apresentado pelo deputado Weverton Rocha (PDT-MA) que prevê punição por abuso de autoridade a juízes e membros do Ministério Público Federal. Entre os que votaram a favor, estão representantes do PSDB, do DEM e do PTN, partidos pelos quais integrantes do MBL, que se diz apartidário, concorreram — e se elegeram — em pleitos municipais deste ano.
Também na defesa de um Estado menor e “livre da corrupção”, o Vem Pra Rua conquista adeptos desde a campanha pelo impeachment. Com forte apelo por uma ideia de “Brasil unido”, o movimento tem o juiz federal Sérgio Moro, comandante da Lava Jato, como representante máximo do que quer para o país.
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No entanto, os interesses e o discurso do VPR não explicitam um viés expressivo do movimento: as relações com o mundo empresarial, as obscuras fontes de financiamento suspeito e acusações de que têm envolvimento com legendas partidárias.
Reportagem da estagiária Marina Cardoso, com informações da Agência Estadão Conteúdo
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