Por thiago.antunes
Ferreira Gullar faleceu aos 86 anosCristina Lacerda / Divulgação

Rio - Morreu, neste domingo, o poeta, escritor e teatrólogo Ferreira Gullar, aos 86 anos. José de Ribamar Ferreira foi um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos. Nascido em 1930 em São Luís, no Maranhão, foi eleito imortal em 2014 na Academia Brasileira de Letras. Gullar estava internado no Hospital Copa D'Or, em Copacabana, na Zona Sul do Rio.

As causas da morte do poeta ainda não foram divulgadas.  Gullar é um dos onze filhos do casal Newton Ferreira e Alzira Ribeiro Goulart, de quem adaptou o sobrenome para uma versão 'mais abrasileirada'. Morando no Rio de Janeiro, participou do movimento da poesia concreta. Desde 1949, publicou poesias, crônicas, contos, peças de teatro, ensaios e participou de textos de televisão, filmes e documentários. Sua maior obra é considerada 'Poema Sujo', de 1976.

Por seus trabalhos, ganhou diversos prêmios em diferentes áreas. Gullar afirmava que a poesia era sua atividade fundamental. Em 1987, publicou Barulhos e, em 1999, Muitas Vozes, que recebeu os principais prêmios de literatura daquele ano. Em 2002, foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura. Em 2007, seu livro 'Resmungos' ganhou o Prêmio Jabuti de melhor livro de ficção do ano. Em 2011, repetiu o feito com 'Alguma Parte Alguma'. Em nota, o govenador Luiz Fernando Pezão lamentou a morte do poeta. Leia na íntegra:

"Ferreira Gullar é uma das expressões mais fortes da literatura brasileira. Em todas as dimensões em que atuou, o fez com maestria e densidade. Antes de ser imortalizado pela Academia Brasileira de Letras, Ferreira Gullar já fora eternizado pela sua obra, por isso, o poeta sempre será lembrado. Meus sinceros sentimentos aos familiares e amigos."

Experiências
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Gullar levou suas experiências poéticas ao limite da expressão, criando o Livro-Poema e, depois, o Poema Espacial, e, finalmente, o Poema Enterrado. Este consiste em uma sala no subsolo a que se tem acesso por uma escada; após penetrar no poema, deparamo-nos com um cubo vermelho; ao levantarmos este cubo, encontramos outro, verde, e sob este ainda outro, branco, que tem escrito numa das faces a palavra “rejuvenesça”.
O poema enterrado foi a última obra neoconcreta de Gullar, que afastou-se do grupo e integrou-se na luta política revolucionária. Entrou para o Partido Comunista e passou a escrever poemas sobre política e participar da luta contra a ditadura militar que havia se implantado no país, em 1964. Foi processado e preso na Vila Militar. Mais tarde, teve de abandonar a vida legal, passar à clandestinidade e, depois, ao exílio. Deixou clandestinamente o país e foi para Moscou, depois para Santiago do Chile, Lima e Buenos Aires.
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Voltou para o Brasil em 1977, quando foi preso e torturado. Libertado por pressão internacional, voltou a trabalhar na imprensa do Rio de Janeiro e, depois, como roteirista de televisão.
Teatro

Durante o exílio em Buenos Aires, Gullar escreveu 'Poema Sujo', um longo poema de quase cem páginas e que é considerado sua obra-prima. Esse poema causou enorme impacto ao ser editado no Brasil e foi um dos fatores que determinaram a volta do poeta a seu país. 'Poema Sujo' foi traduzido e publicado em várias línguas e países.


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De volta ao Brasil, Gullar publicou, em 1980, Na vertigem do dia e Toda Poesia, livro que reuniu toda sua produção poética até então. Voltou a escrever sobre arte na imprensa do Rio e São Paulo, publicando, nesse campo, dois livros Etapas da arte contemporânea (1985) e Argumentação contra a morte da arte (1993), onde discute a crise da arte contemporânea.
Outro campo de atuação de Ferreira Gullar é o teatro. Após o golpe militar, ele e um grupo de jovens dramaturgos e atores fundou o Teatro Opinião, que teve importante papel na resistência democrática ao regime autoritário. Nesse período, escreveu, com Oduvaldo Vianna Filho, as peças Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come e A saída? Onde fica a saída? De volta do exílio, escreveu a peça Um rubi no umbigo, montada pelo Teatro Casa Grande em 1978.
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Com informações da Agência Brasil
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