Por gabriela.mattos
Rio - ‘Que bom! Uma mulher ao volante!”. A frase tem se repetido com entusiasmo e com cada vez mais frequência quando passageiras entram nos táxis que prestam esse tipo de serviço no Rio de Janeiro. De acordo com números da Secretaria Municipal de Transportes, nunca houve uma quantidade tão grande de taxistas do sexo feminino atuando na capital.
Das 55.260 permissões concedidas pela prefeitura para a função, 4.691, o equivalente a 8,5%, já são de mulheres. O sucesso da mulherada no setor é tão grande que um grupo criou o aplicativo Táxi Rosa, formado por mulheres que transportam apenas mulheres. O grupo, que atua desde outubro, faz preparativos para começar a atender também em Niterói e em outras cidades da Região Metropolitana a partir da próxima semana.
Aplicativo ‘Táxi Rosa’ tem mais de 100 motoristas que até pouco tempo só transportavam mulheres e crianças%3A maior sensação de segurança para passageiras e ao Daniel Castelo Branco / Agência O Dia

Eliana Ramos Costa, a dona Lili do Táxi, de 62 anos, já é uma das mais conhecidas motoristas do Centro. Ex-coordenadora de Educação da Secretaria Municipal de Educação, Lili viu na nova profissão uma alternativa de mais uma fonte de renda. “Graças a Deus, a clientela tem gostado. Também sou, literalmente, boa praça”, brinca Lili, abrindo seu largo e fácil sorriso. “Somos mais cheirosas, educadas e tranquilas nesse trânsito infernal”, resume.

Segundo estimativas do Sindicato dos Taxistas, pelo menos mil mulheres circulam diariamente em todas as regiões do Rio, 24 horas por dia. As demais permissionárias alugam as permissões. Mas somente 555 são cadastradas como auxiliares. As demais (4.136) são donas das autorizações.

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A comerciante Jeniffer Vigorito, 43 anos, é uma das usuárias que passaram a só usar táxis pilotados por mulheres. “Me sinto muito mais segura e nunca levei cantada”, diz Jeniffer, que também confia o deslocamento diário de sua filha, Liziane, 13 anos, de sua casa para a escola, a uma taxista.
A estudante de Medicina Mary Lins, 22 anos, também não abre mão do Táxi Rosa. “Viajo mais à vontade ao voltar de boates, às vezes de minissaia, que gosto de usar, e um pouco ‘alta’ por ter tomado um pouquinho a mais”, comenta Mary, moradora da Barra da Tijuca.
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As taxistas têm motivos de sobra para tirar onda. Afinal de contas, já ‘atropelaram’ o mito da velha e ultrapassada piada de que “mulher ao volante é perigo constante”. A última pesquisa feita pela Privilege Insurance, maior empresa de seguros do Reino Unido, por exemplo, monitorou, ano passado, a conduta de 250 motoristas do sexo feminino. E rendeu nota maior no quesito comportamento no trânsito a elas, que alcançaram 23,6 pontos, de um total de 30, contra apenas 19,8 dos homens.
“Os números desmonstram nossa seriedade. Já temos mais de 100 mulheres atendendo pelo aplicativo Táxi Rosa e outras quase 800 cadastradas para nosso empreendimento. Em breve, vamos estar presentes em todos os municípios do estado”, prevê Denise Azevedo, de 50 anos, sócia de Dóra Santos, 52, no Táxi Rosa.
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Atendimento para homens
O Aplicativo Táxi Rosa, que usa um discreto símbolo rosa na traseira dos táxis, passou a ter clientes masculinos também. “Eles estão fidelizando”, atesta Sandra dos Santos, a Sônia Pink, 53 anos, neta e filha de taxista, que há um ano e meio herdou a profissão.
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Luciana Pimenta, 40, mantém um kit de manicure, com maquiagem e espelho no carro. “Isca infalível”, brinca. Eliana Shpakovsky, 61, três filhos e dois netos, é taxista desde 2005. “Minha paixão.” Tânia Aguilar, 48, diz que a família levou um susto ao saber que ela seria taxista. “Todos já se acostumaram.” Ela pegava emprestado o táxi do ex-marido para fazer entrevista de emprego e, entre um endereço e outro, “fazia umas bandeiradas”.