Por gabriela.mattos
Rio - O risco de uma tríplice epidemia de dengue, zika e chikungunya no verão 2016/ 2017 já preocupa autoridades em saúde, especialmente o crescimento nos casos de chikungunya, que já são 15 vezes superiores a 2015. Só o Estado do Rio de Janeiro concentrou mais de 15 mil casos de zika e chikungunya, dos 255 mil registrados até o mês de outubro. Para piorar, outro fantasma ronda o Rio: a febre do Mayaro, doença hemorrágica parecida com a chikungunya. Os principais sintomas são febre, erupções na pele e dores nas articulações.
Há suspeitas, ainda não confirmadas, de que o Aedes aegypti —principal vetor de dengue, zika e chicungunya — também transmita o Mayaro. Pesquisadores afirmam que esse vírus é transmitido, principalmente, por mosquitos silvestres, conhecidos como Haemagogus, muito presentes em áreas rurais e de matas. E por possuir grande área de cobertura florestal, o Rio poderia ser um habitat preferido desse novo inimigo. 
Em São Gonçalo%2C agentes de endemias intensificam as ações de prevenção e combate ao Aedes aegyptiDivulgação

“A preocupação é com o que chamamos de tríplice epidemia: dengue, zika e chikungunya. Claro que o Rio de Janeiro, por ter a peculiaridade de possuir uma fatia da Mata Atlântica, misturada ao seu espaço urbano, poderia apresentar a presença do Haemagogus, mas isso é algo que também precisa ser analisado com maior cuidado”, disse o diretor regional da Fiocruz no Mato Grosso do Sul, Rivaldo Venâncio, em evento no início deste mês no Rio.

Recentemente, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, alertou para um aumento significativo de casos de infecção pelo vírus chikungunya no Brasil em 2017. Os casos confirmados da doença aumentaram de 8.528 em 2015 para 134.910 em 2016 (aumento de 1.600% ou 15 vezes mais) e as suspeitas subiram quase dez vezes mais (de 26.763 para 251.051). Já os casos de infecção por dengue e pelo vírus Zika, segundo ele, devem se manter estáveis em relação ao registrado este ano. Das 138 mortes por febre chikungunya no país, cinco ocorreram no Rio.

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Municípios têm que adotar prontuário eletrônico
Termina amanhã o prazo para que municípios brasileiros adotem o prontuário eletrônico nas unidades básicas de saúde. O Ministério da Saúde anunciou ontem que vai informatizar todo o sistema de processamento de informações de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de março de 2017. Foram investidos R$ 67 milhões na compra de três supercomputadores que vão ampliar em até 10 vezes o armazenamento de dados. A ideia é racionalizar e fiscalizar melhor o uso dos recursos na saúde, a partir do histórico de atendimento dos pacientes. 
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Especialistas, porém, acreditam que o prazo estipulado pelo governo brasileiro para os municípios se integrarem ao sistema não deverá ser atendido pelas prefeituras. “A maioria dos municípios não terá condições de aderir, pois o principal problema é a infraestrutura local nas unidades de saúde”, destaca Luis Cruz, diretor da IHS, empresa responsável pela digitalização de cerca de 80% dos prontuários na maior parte das Clínicas de Família do Rio. “Antes de processar a informação, é preciso coletá-la, na ponta, onde o cuidado e a assistência ao paciente são realizados”, aponta.
Segundo ele, isso “implica rever infraestutura elétrica e pensar em cabeamento de rede local nas unidades, depois comprar computadores e impressoras, dar conexão à internet para a unidade de saúde”. O trabalho feito nas Clínicas da Família rendeu ao município, em novembro, um prêmio internacional na área de medicina da família.