Por gabriela.mattos
Rio - Anunciado secretário municipal de Transportes da gestão de Marcelo Crivella na Prefeitura do Rio, o engenheiro Fernando Mac Dowell propôs que a tarifa do BRT seja menor do que a dos ônibus convencionais que circulam na cidade. O futuro secretário e vice-prefeito eleito afirmou nesta quinta-feira, na cerimônia de diplomação de Crivella na Câmara dos Vereadores, que a racionalização de custos proporcionada pelo sistema exclusivo para ônibus às empresas justifica o desconto aos passageiros.
Segundo o BRT%2C número de passageiros caiu devido à crise econômicaArquivo O Dia

O presidente do Consórcio operador do BRT, Jorge Dias, discorda. Ele diz que a tarifa do do serviço deveria ter superior à dos coletivos comuns, porque o consórcio tem a responsabilidade da manutenção das estações, que não estão no cálculo da tarifa. Em vez de aumento, porém, Dias defende subsídio do poder público ou outras fontes, como a criação de imposto sobre a gasolina para financiar o transporte público, que está em discussão no Congresso.

De acordo com o consórcio, foram transportados, de janeiro a setembro de 2015, 168,01 milhões de passageiros nos ônibus articulados e nas linhas alimentadoras. No mesmo intervalo de 2016, o número caiu para 165,9 milhões, incluindo o público do período olímpico, de 11 milhões de pessoas. Apesar disso, a frota e os custos do sistema sofreram incremento de 35% após as últimas inaugurações, como o corredor Transolímpico e o Lote Zero (Alvorada-Jardim Oceânico), diz o BRT. Dias atribui a queda de passageiros à crise financeira do estado, já que, com o aumento do desemprego, menos pessoas se deslocam no transporte.

“Para nós (BRT), a crise não era tão visível. Veio a Olimpíada, foi a festa que foi, os passageiros usando o BRT (...) Após a Olimpíada, aí sim, de fato acabou a festa, arrumaram as malas, viajou quem tinha que viajar e veio o desemprego mais forte”, disse Dias.
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Desequilíbrio
Em nota, o consórcio afirmou que vê com preocupação as declarações do futuro secretário. Segundo o BRT, neste ano, até novembro, há um desequilíbrio econômico-financeiro, com um déficit acumulado de R$ 7,3 milhões.
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Dias acrescentou que a demanda dos corredores não atingiu as estimativas divulgadas inicialmente. O Transcarioca foi projetado para transportar 320 mil passageiros por dia, mas, nesta quarta-feira, transportou 164 mil por dia. O executivo acrescentou que o Transolímpico transporta aquém de sua capacidade — 28 mil por dia. A projeção era de 75 mil pessoas por dia. 
A Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) informou números diferentes: Transcarioca, em média, com 216 mil passageiros por dia; o Transoeste e Lote Zero, com 240 mil ao dia; e o Transolímpica cerca de 40 mil pessoas por dia. Em relação à queda de passageiros, a SMTR explica que além da crise, por causa das obras entregues no meio do ano, o trânsito havia piorado, e os ônibus perderam passageiros para os trens e metrô. Com o término das obras, a SMTR também ressalta que diminuiu deslocamento de operários.
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Mac Dowell quer metrô municipal
Mac Dowell anunciou ainda que pretende negociar com o governo estadual a municipalização do metrô. Um dos objetivos de transferir a concessão, segundo ele, seria realizar melhorias no sistema para ampliar a capacidade. “Eu poderia ter 1,78 milhão de passageiros no sistema mas tem hoje cerca de 700 mil. Isso ocorre por limitações operacionais já que a linha 2 do metrô não dispõe de piloto automático”, afirmou.
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Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Transportes informou que “o governo do estado está à disposição da prefeitura para discutir parcerias, incluindo a transferência de modais notadamente municipais, como o bonde de Santa Teresa, as linhas aquaviárias de barcas de Cocotá e Paquetá e o teleférico do Complexo do Alemão”. A pasta afirmou ainda que, “em relação ao sistema metroviário, o governo do estado tem grande interesse em estabelecer parcerias com a administração municipal no sentido de viabilizar novas expansões do metrô dentro do município”.