Rio - O pintor Lutero Barbosa da Silva, de 36 anos, foi enterrado neste domingo à tarde no Cemitério do Pechincha, em Jacarepaguá. Ele foi a primeira vítima sepultada da chacina que terminou com cinco mortos — quatro da mesma família, incluindo uma bebê que estava na barriga da mãe — na noite da última sexta-feira, na comunidade do Terreirão, no Recreio.
Lutero era casado com Patrícia Pimenta Rosa, 32 anos, que estava no oitavo mês de gestação quando foi morta. A bebê chegou a nascer, mas não sobreviveu. O casal tinha três filhos, de 3, 5 e 10 anos. Patrícia, Francisco e a bebê vão ser enterrados nesta segunda-feira no mesmo local, às 14h.
Os parentes que foram ao enterro estavam com medo de voltar para casa. Segundo eles, o PM reformado Luiz Cláudio Machado Paixão, de 55 anos, acusado de matar todos a tiros em um bar após uma briga, continua solto e fazendo ameaças.
“Falaram que ele (o PM) está andando lá. Isso é uma temeridade, porque ele quer pegar mais um inocente”, afirmou, assustado, o pedreiro Fernando Gomes Pimenta, 43, tio de Lutero e de outras duas vítimas.
“Tenho medo porque eu estava no local e ele está andando lá para tentar ver se pega quem sobreviveu”, disse a dona de casa Roseli de Ramos Silva Aquino, de 18 anos, mulher do pedreiro Francisco Pimenta Rosa, 25, um dos mortos. Ela estava com a filha de 8 meses no local e escapou porque se escondeu no mato com o bebê.
Parentes que presenciaram o caso dizem não saber o que motivou a discussão que levou o policial Luiz Cláudio Paixão a atirar contra Lutero, Patrícia, Francisco e contra outra mulher que passava no local e não fazia parte da família, Markeli Maria Leite, 39 anos. Mas afirmam que o PM reformado estava bêbado quando atirou e que ele tinha “uma rixa antiga” com Lutero e Francisco.
De acordo com Fernando Gomes Pimenta, tio das vítimas, Francisco foi o primeiro a ser baleado. “Ele (o PM) tem uma rixa com o Francisco, porque o menino gostava de fumar maconha. Mas o moleque não era traficante, era pedreiro, era trabalhador ”, contou o tio. “A minha sobrinha (Patrícia) só pediu para ele não fazer isso com o marido e tomou um tiro na cara”, acrescentou.
De acordo com a Delegacia de Homicídios, Paixão foi indiciado por quatro homicídios dolosos qualificados em concurso com aborto na sua forma tentada. Até ontem à noite, ele continuava foragido. A Polícia Civil informou apenas que as investigações estão em andamento para esclarecer as mortes. “No momento, não é possível a divulgação de outras informações para não prejudicar o trabalho investigativo”, esclareceu a corporação em nota.