Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - O Rio de Janeiro deve receber 865 mil turistas no período do réveillon e  movimentar a economia carioca com US$ 691 milhões, segundo dados da Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur).
A ocupação hoteleira, entretanto, será inferior à do réveillon do ano passado. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ), Alfredo Lopes, trabalha com a perspectiva de ter 85% até 88% de ocupação média dos hotéis no réveillon, número menor do que a de 2015 na zona sul (98%), pois a oferta de quartos aumentou em quase 20 mil desde o ano passado devido à realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos na cidade.
Queima de fogos com tema olímpico encantou público em Copacabana na virada de 2015 para 2016. Este ano, tempo de queima de fogos foi reduzidoFoto%3A Daniel Castelo Branco / Agência O Dia

Lopes acredita que a atividade turística é a que pode dar resposta mais rápida à crise. “Nós acabamos de ser testados aqui na Olimpíada e fomos muito bem, todo mundo elogiou o Rio de Janeiro, a prestação de serviços, a hospedagem. A gente pode dar uma recuperada já em 2017 e aumentar bastante a ocupação na cidade, gerando tributos e empregos”, disse.

Olimpíada

Durante a Olimpíada, o Rio de Janeiro registrou recorde histórico de turistas, principalmente estrangeiros. De acordo com a Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur), 1,17 milhão de turistas visitaram a capital fluminense em agosto deste ano, sendo 410 mil estrangeiros, com gasto médio de R$ 424,62 por dia. A maior parte veio dos Estados Unidos (17%), seguidos da Argentina (12%) e Alemanha (7%). Entre os 760 mil turistas nacionais, o gasto médio diário foi R$ 310,42 por pessoa.

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Lopes diz que a permanência média de turistas nas festas de réveillon e carnaval no Rio de Janeiro fica entre três e quatro dias. Nos Jogos, esse número foi de 15 dias. “Um número elevadíssimo de turistas e, também, uma promoção mega da cidade”, disse.
A retração do número de turistas no período pós-Jogos, que Alfredo Lopes classifica de “ressaca olímpica”, já era esperada pelo setor, comparativamente aos mesmos meses do ano passado. Ele diz, entretanto, que o Rio de Janeiro começa agora sua alta temporada, com o verão, réveillon e o carnaval. Lopes acredita que a retomada do volume de visitantes será muito mais rápida do que ocorreu em Barcelona (Espanha), que sediou os Jogos Olímpicos e Paralímpicos em 1992.
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Contrassenso
Com base na vocação turística e de serviços do estado do Rio de Janeiro e da capital fluminense, em particular, o presidente da ABIH-RJ, criticou a decisão do prefeito eleito Marcelo Crivella de extinguir a Secretaria Especial de Turismo do município. Crivella anunciou que reduzirá pela metade as 24 secretárias da cidade do Rio e uma das extintas foi a do Turismo.
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As políticas públicas para o setor serão definidas por um conselho formado por empresários e ligado ao gabinete do prefeito. No dia 16, Lopes encaminhou carta a Crivella, na qual fazia um apelo para manutenção da secretaria, considerada órgão de extrema relevância para o desenvolvimento do setor.
“É um contrassenso, nesse momento, inclusive, extinguirmos a Secretaria de Turismo porque acabamos de sediar a Olimpíada e a Paralimpíada, tivemos o maior calendário do mundo de eventos e o Rio vai ser a Cidade Olímpica até 2020”.
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Em relação ao conselho, Lopes admite que poderá ser importante para trazer novas ideias e buscar parcerias e patrocínios, mas no médio e longo prazo, o caminho adequado é ter uma Secretaria de Turismo que esteja interligada com outras secretarias. “Na verdade, turismo depende de tudo, da limpeza, da ordem pública, de urbanismo. Acho que está tudo interligado”.
Ações
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Na avaliação de Alfredo Lopes, uma das ações que o novo conselho de turismo da prefeitura deverá empreender será a criação de um calendário de eventos forte e diversificado na cidade, aproveitando que o Rio de Janeiro tem todas as modalidades de esporte para trazer campeonatos mundiais para cá.
O conselho deverá captar eventos científicos, esportivos e de negócios em todas as áreas, além de shows nacionais e internacionais. “Fortalecer eventos que já existem, como carnaval e réveillon. Nós já temos muitos eventos durante o ano que já são marca registrada em nível nacional e internacional”.
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Entre as barreiras ao aumento do turismo não só no Rio de Janeiro, mas em todo o Brasil, Lopes citou a exigência de visto. Segundo ele, o ministro do Turismo, Marx Beltrão, sinalizou que pretende prorrogar a isenção de vistos concedidos durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, para continuar atraindo visitantes internacionais ao país.
Durante os Jogos, foram beneficiados com a isenção unilateral de vistos, decidida em conjunto pelos ministérios do Turismo, da Justiça e das Relações Exteriores, turistas da Austrália, Canadá, Estados Unidos e Japão.