Por bianca.lobianco
Rio - A posse dos novos prefeitos deveria ser a festa de afirmação da democracia. No entanto, não foi isso que se verificou em municípios da Baixada Fluminense e em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, onde os antecessores simplesmente não apareceram para transmitir o cargo aos eleitos. 
Nanci toma posse como prefeito de São Gonçalo%3A cargo passado pelo presidente da Câmara%2C Diney MarinsClever Felix / Agência O Dia

Para o cientista político Eurico Figueiredo, da Universidade Federal Fluminense, a atitude, no mínimo, deselegante dos políticos é a prova de que a democracia ainda é um processo em consolidação no país. “É uma ofensa à democracia. Isso mostra o desprezo, incompreensível, pelo cidadão, e a faceta autoritária desses políticos, que desmerecem o voto. É como se dissessem: se o voto não é para mim, ele não serve”.

Os ex-prefeitos de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso; de Mesquita, Gelsinho Guerreiro; de Nilópolis, Alessandro Calazans; e o de São Gonçalo, Neilton Mulim, estão entre os que desdenharam do processo eleitoral. Em comum entre eles, além do papelão, está o fato de terem deixado em mal estado as cidades que administraram. O ex-prefeito de São Gonçalo, inclusive, chegou a ter a prisão decretada por não ter obedecido ordem que determinava o pagamento do funcionalismo. O descalabro foi tanto, que o prefeito eleito de Nilópolis, Farid Abraão, teve que empossar o secretariado no escuro, porque a Light cortou a energia da sede da prefeitura, por falta de pagamento.
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Em Japeri, o novo prefeito, Carlos Moraes, decretou o fechamento da Prefeitura, por 30 dias, para fazer a reestruturação administrativa do governo. “Eles desmereceram a distinção de serem escolhidos pelo povo”, lamentou Figueiredo. Agora é torcer para que o povo não esqueça. 
Niterói: Neves anuncia reabertura do Restaurante Popular

O prefeito reeleito de Niterói, Rodrigo Neves (PV) anunciou que a reabertura do Restaurante Popular da cidade será o o primeiro ato do seu novo governo. “Uma responsabilidade do estado, mas que a Prefeitura irá assumir”, garantiu Neves.
Único prefeito reeleito da Região Metropolitana, com 58,59% dos votos válidos (130.473), Neves foi empossado, ontem, na Câmara de Vereadores. O vice-prefeito eleito, Comte Bittencourt, também participou da cerimônia, no entanto não foi empossado já que irá continuar o mandato de deputado estadual nos próximos meses. "Ser o único prefeito reeleito na Região Metropolitana do Rio, numa cidade que tem o nível de exigência de Niterói, é um motivo de muito orgulho e gratidão para mim. Vamos continuar com o trabalho duro, muita dedicação e com o diálogo com o Legislativo, tão importante neste momento de crise”, discursou Neves. 
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São Gonçalo: Nanci herda prefeitura sem luz e cidade cheia de lixo 
O prefeito eleito de São Gonçalo, José Luiz Nanci (PPS), encontrou a sede da prefeitura às escuras. Ele tomou posse ontem, na Câmara Municipal de São Gonçalo. Além da falta de luz, o novo prefeito herda uma cidade repleta de lixo. “Hoje já temos uma reunião com a concessionária de energia, com a empresa que faz a coleta de lixo, com os servidores e com todos os secretários. Vamos começar reorganizando as contas e priorizando o pagamento dos funcionários”, afirmou Nanci. Ele disse ainda que cargos comissionados foram cortados em mais da metade para priorizar os servidores concursados. “Eu já esperava que fosse encontrar dificuldade, mas não desse jeito”, afirmou. O ex-prefeito Neilton Mulim não compareceu à cerimônia de posse. Ele chegou a ter a prisão decretada pela Justiça, por descumprir ordem judicial para pagar os servidores, mas o mandado de prisão foi revogado. 
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Em Mesquita, mutirão de limpeza

Uma das primeiras medidas do novo prefeito de Mesquita, Jorge Miranda (PSDB), será a realização de um mutirão de limpeza na cidade. Como o DIA vem denunciando, as ruas de Mesquita foram tomadas pelo lixo, por conta da greve dos garis, que pararam de trabalhar porque estão há três meses sem receber salários.
A previsão é de que a situação do lixo se normalize em 15 dias. O ex-prefeito, Gelsinho Guerreiro (PR), não é visto na cidade desde outubro. Coube ao presidente da Câmara dos Vereadores, Marcelo Biriba (PRB) empossar Miranda. “O meu antecessor deixa um legado de descredibilidade, dívidas e sujeira. Vamos ter que arrumar a casa para depois começarmos a trabalhar. Não conseguimos nem acesso a contas, nem nada”, disse Miranda, em entrevista ao Dia.
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Em Mesquita, como não houve transição, o novo prefeito nem sabe, ao certo, quantos meses de salário deve aos servidores e não conhece a realidade financeira da prefeitura. Gelsinho saiu sem cumprir ordem da Justiça, que havia determinado o pagamento dos salários. 
Novos prefeitos terão início difícil

Ao tomar posse, o prefeito de Nova Iguaçu Rogério Lisboa (PR) anunciou que vai decretar estado de calamidade financeira no município. Ele disse que o município deveria pedir desculpas aos servidores por não pagar os salários. Lisboa tomou posse na Câmara Municipal de Nova Iguaçu. O antecessor, Nelson Bornier (PMDB) não compareceu.
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A posse do prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (PMDB) foi acompanhada por moradores de Jardim Gramacho, que lotaram as galerias da Câmara de Vereadores para reivindicar melhorias no saneamento básico do bairro. Porém, Reis anunciou como primeira medida do seu mandato o pagamento, em 10 dias, do 13º e o salário de janeiro dos servidores. “ Cheguei hoje à prefeitura e tive a surpresa de encontrar R$ 13,29 no caixa. A situação é de crise, mas me comprometo a pagar os salários o mais rápido possível. Não sai um centavo do caixa até a gente pagar os servidores”, prometeu. Em Campos, o prefeito Rafael Diniz (PPS) assumiu o governo prevendo um déficit de cerca de R$1,5 bilhão para 2017. A ex-prefeita Rosinha Garotinho (PR) não compareceu à cerimônia de posse, que aconteceu na Câmara de Vereadores, ontem.