Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - Um caso de homofobia ocorrido dentro do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Centro do Rio, está causando revolta na internet. Segundo uma mulher, que estava acompanhada da namorada, um homem escreveu em um espaço interativo, reservado para crianças na exposição Mondrian, "Fora Lésbica", para intimidar e ofender o casal. 
Antes disso, o homem, que seria namorado de uma funcionária do CCBB, também escreveu "Meu p...". Na postagem feita por uma das vítimas do insulto na página do centro cultural, ela afirma que a funcionária estava acompanhando o homem e ria a todo momento da situação. Até as 15h, a publicação tinha mais de 35 mil curtidas e 8,2 mil compartilhamentos.
Homem escreveu "Fora Lésbica" para intimidar casal de mulheres que estava em exposição no CCBBReprodução Facebook

"Fui ao banheiro e já ia embora. Passamos em frente a sala das crianças e ele estava saindo de lá. Agora o recado era “FORA LÉSBICA”. Dois funcionários foram atenciosos e disseram que podíamos registrar uma reclamação. Depois disso descobrimos que quem escreveu era namorado da funcionária que fica no balcão de informações", disse a mulher. A funcionária em questão, de acordo com o CCBB, vinculada a uma empresa terceirizada, foi afastada e não trabalhará mais na instituição.  

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Ainda de acordo com o seu depoimento, o homem tentou a todo momento impedir que ela fizesse a reclamação sobre o ocorrido. "Ele tentou me impedir de colocar o papel na caixa tampando o buraco e depois tentando arrancar o papel da minha mão. O tempo inteiro que escrevia a reclamação ele ficou a menos de um metro de mim rasgando os papéis da caixa. Todos presenciaram a cena e nada fizeram mesmo quando pedimos alguma intervenção (ao menos tirar o cara de perto da caixa)", contou.
"O CCBB fechou e o cara continuou lá dentro esperando a namorada largar do trabalho. Enfim, várias coisas me incomodaram. 1. Todo mundo conhecia o cara. 2. Sou hostilizada em vários lugares mas no CCBB acreditava ser um espaço seguro 3. Não teve agressão física mas a tentativa de intimidar e humilhar são claras 4. Falamos com os dois (o cara e a namorada) ele só com cara de “e daí?” e ela falando “o que eu tenho a ver com isso?” 4. Todo dia LGBT é morto e algumas pessoas simplesmente se sentem a vontade pra nos agredir."
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O CCBB respondeu à queixa da mulher e disse, na própria postagem, lamentar o ocorrido, dizendo que "assim que o expediente do CCBB voltar a funcionar, medidas serão tomadas." ?O DIA ?tentou contato com a vítima, mas não obteve retorno.
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Procurada pela reportagem, o Centro Cultural Banco do Brasil do Rio disse que manifesta "total repúdio ao episódio de homofobia relatado." Segundo a nota, o fato contraria os valores e o trabalho educativo e afirmativo que a instituição faz ao longo da sua história contra a intolerância e a favor da diversidade étnica, sexual, de gênero e religiosa.
Ainda segundo o CCBB, o fato está sendo apurado internamente e todas as medidas legais e judiciais cabíveis serão tomadas "com a firmeza que a situação descrita exige." A instituição reafirmou "o compromisso de atuar em prol do respeito às diferenças, repudiando toda e qualquer manifestação de preconceito."
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?O caso relatado pela vítima gerou uma enxurrada de críticas ao centro cultural e negativações em sua página no Facebook. "Homofobia até em um centro cultural? Até quando leu deus? Isso é um absurdo", "Complicado LGBT ser hostilizado em centro cultural, onde a diversidade devia ser celebrada e não oprimida", escreveram dois internautas. "Esperando uma atitude do CCBB! Revoltante ter um caso desse em um lugar em que muita gente se sentia segura", postou outro.
CCBB se manifestou sobre episódio e disse repudiar atitude contra casal de mulheresDivulgação

Protesto no CCBB

Um evento marcado no Facebook convoca para um protesto dentro do Centro Cultural, na próxima quarta-feira, às 18h, em repúdio ao fato ocorrido. Cerca de 1.500 pessoas demonstraram interesse e mais de 700 confirmaram presença no ato. 

"O CCBB é uma instituição conhecida por suas grandes exposições, filmes e peças em cartaz, quase sempre feitos em todas as etapas por nós LGBTS. Porém, na hora de reconhecerem nosso afeto e amor, nos expõem ao ridículo e são preconceituosos. (...) Vamos mostrar pra eles que Mondrian não é nada colorido perto da gente", diz parte da descrição do evento.
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O coordenador Geral do Programa Rio Sem Homofobia, Cláudio Nascimento, disse que o episódio, com a indiferença e omissão de uma funcionário do CCBB, precisa ser fortemente neutralizado. "Passo importante para marcar um posicionamento a favor da diversidade e de repúdio ao grave acontecimento de discriminação lesbofóbica", disse.
Nascimento espera que os responsáveis sejam punidos por conta do episório de homofobia. "Que este caso seja um exemplo da necessidade permanente de formação continuada para todos os profissionais que atuem no CCBB em prol da cidadania e diversidade, bem como, criar mecanismos e procedimentos para que seguranças e funcionários não se omitam em situações de discriminação, constrangimento e ameaça, e compreendam que o papel deles é atuar para uma cultura de paz e respeito as diferenças."
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O coordenador do Rio Sem Homofobia colocou à disposição o Centro de Cidadania LGBT e que está fazendo contato com as vítimas para buscar outras medidas cabíveis visando reparar o direito violado e a dignidade delas. Também será iniciada uma conversa com o CCBB Rio para sugerir parceria visando a formação continuada de seu quadro de funcionários e a elaboração de procedimentos operacionais padrão em situações similares.