Por bianca.lobianco
Rio - Dos 51 vereadores empossados ontem, 18 foram eleitos pela primeira vez. Entre as principais bandeiras que os novatos dizem que vão defender estão a fiscalização das contas públicas, incluindo a exigência de transparência nos contratos assinados pela Câmara, além do corte de gastos com benefícios considerados supérfluos.
Plenário da Câmara dos Vereadores%3A promessa de problemas para CrivellaALEX RIBEIRO/ESTADÃO CONTEÚDO

“Vamos contar com apenas seis assessores no nosso gabinete, abriremos mão dos selos para envio de correspondência e de pelo menos metade do combustível disponível para cada parlamentar, que é de mil litros por mês. Prometemos reduzir 50% dos custos do gabinete e vamos cumprir”, afirmou o vereador Leandro Lyra (Novo).

Mesmo com a perda de oito cadeiras, o PMDB continua com a maior bancada da Casa, com dez dos 51 vereadores (o que corresponde a quase 20% da Câmara).
O presidente da Câmara, Jorge Felipe (PMDB), foi reeleito, ontem, tendo como primeira vice-presidente Tânia Bastos (PRB), e segundo vice-presidente Zico (PTB). Carlo Caiado (DEM) se tornou o primeiro secretário e Cláudio Castro (PSC), o segundo.
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Durante a votação da nova mesa diretora, membros do Psol se retiraram da casa em protesto ao pleito. A legenda tentou formar uma chapa, mas não conseguiu juntar sete parlamentares, número exigido para entrar na disputa. A bancada do partido é a segunda maior da Casa, com seis vereadores.
Tarcisio Motta (Psol) criticou o modelo adotado pela casa: “Temos uma série de propostas de mudança do regimento para garantir o direito de oposição das minorias que não estão contempladas na chapa do vereador Jorge Felipe, por isso, o Psol se retirou”, explicou.
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A sessão de posse foi presidida por Carlos Bolsonaro (PSC), vereador mais votado na última eleição com 106.657 votos. Ele acredita que 2017 será um ano difícil para o município. “O próximo presidente da Câmara precisa entender o recado das ruas reduzindo os gastos”, opinou.
Na avaliação de Motta, a marca da nova legislatura vai ser um diálogo maior com a prefeitura, já que o partido de Crivella tem apenas três vereadores. “Faremos oposição a tudo que possa significar a retirada de direitos de cidadãos e servidores. Será uma oposição firme, mas responsável”, explicou. 
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Acessibilidade zero no Palácio Pedro Ernesto
>Eleita para o primeiro mandato, a vereadora Luciana Novaes (PT), encontrou dificuldade para chegar à cerimônia de posse na Câmara, ontem. Ela ficou tetraplégica, em 2003, após ser atingida por um tiro dentro do Campus Rebouças da Universidade Estácio de Sá, no Rio Comprido. Luciana, que à época era estudante de enfermagem, foi vítima de bala perdida em confronto entre facções rivais do morro do Turano e, desde então, é dependente de cadeira de rodas e respiração motora. Como a Câmara Municipal não dispõe de rampa de acessibilidade, foi preciso instalar uma estrutura provisória para permitir a sua chegada.
Luciana Novaes (PT)%2C cadeirante%2C entra na Câmara para a posse como vereadora em rampa improvisadaAlexandre Brum

“Espero que a Casa faça uma adaptação mais adequada. Prometeram fazer em quatro meses uma adaptação por meio de um aparelho especial de locomoção dentro da Câmara. As pessoas com deficiência têm o direito de ir e vir. Fui eleita para lutar pelos deficientes e vou fazer isso”, comentou Luciana.

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O vereador Carlos Bolsonaro (PSC) também reclamou da estrutura da Casa, de modo geral: “ Não temos acessibilidade e diversos problemas, como quebra de elevadores, são recorrentes. Estou aqui há 16 anos, já debatemos bastante sobre isso, mas nada foi, efetivamente, feito", disse. 
Secretário crê em maioria
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O PRB, partido de Crivella, tem apenas três vereadores. Na formação do secretariado, o novo prefeito contemplou outros partidos do Centrão para garantir mais apoio, mas ele não terá vida fácil.
Será preciso negociar com 19 partidos que têm representação na Câmara. O secretário especial de Relações Institucionais, Luiz Carlos Ramos, disse acreditar que Crivella contará com 28 a 30 dos 51 vereadores.
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O PMDB, maior bancada, não garante apoio, nem fecha com uma postura oposicionista, segundo Jorge Felipe, reeleito presidente da Câmara dos Vereadores. “Ele (Crivella) vai precisar de muita competência no trato com os partidos e com os novos vereadores. Precisamos ver o compromisso político de cada um. Ele vai encontrar um quadro de dificuldade”, avaliou.
Tarcísio Motta também vê mais dificuldades para Crivella do que teve Eduardo Paes. “Vivemos oito anos com a Câmara servindo como uma mera repassadora e aprovadora das políticas do ex-prefeito. Esperamos agora a prática democrática de debater as leis”. 
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*Reportagem de Jonathan Ferreira