Por thiago.antunes
Rio - O VLT transformou a mobilidade no Centro do Rio, mas problemas operacionais ainda impedem o bonde de ‘entrar nos trilhos’. Mais de sete meses após a inauguração, comprar e recarregar o bilhete de passagem continua sendo uma saga. Se não pagar a tarifa, o usuário pode ser multado em R$ 170 ou em até R$ 255, no caso de reincidentes.
Os passageiros reclamam que a maioria das máquinas de autoatendimento das estações apresenta defeitos diários.  As dificuldades são agravadas pelo comportamento inadequado de alguns funcionários. O DIA realizou uma ‘blitz’ nos pontos da Avenida Rio Branco e da Praça Mauá na última terça-feira e registrou desrespeito contra usuário e até ameaça de agressão contra o repórter.
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A única máquina de autoatendimento (ATM) da Parada São Bento estava trancada em um armário de ferro. Um funcionário informou que seria possível comprar ou recarregar o Bilhete Único Carioca na Parada dos Museus, na Praça Mauá, ou na Candelária, as duas estações mais próximas dali. Mas os equipamentos nesses locais também estavam com defeito.
Para circular de VLT%2C é preciso ter um cartão Riocard%2C mas não é fácil comprá-losSandro Vox / Agência O Dia
Na Parada dos Museus, havia duas máquinas, mas a única que estava aberta ‘se apropriou’ de R$ 20 do cozinheiro Fernando Silva, de 21 anos. Ele queria colocar R$ 50 no seu Bilhete Único para passar no ônibus. Após inserir três notas de R$ 10, o equipamento travou.
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Funcionários retiraram um recibo no qual constava a inserção de apenas R$ 10. Um agente da plataforma esclareceu que o usuário deveria tentar recuperar o dinheiro outro dia, em uma loja da RioCard. Ao questionar como voltaria para casa, já que só tinha aquele dinheiro, Fernando ouviu como resposta: ‘O senhor vai com os seus passos’.
O passageiro reclamou: “Minhas notas estão aí dentro. Isso é roubo”. Fernando disse estar enfrentando a situação pela segunda vez em uma semana. Foi embora meia hora depois, sem o dinheiro, e a ATM entrou em manutenção. Enquanto isso, uma grande fila se formava, deixando passageiros irritados.
Fernando protestou%2C mas saiu da estação na Praça Mauá sem resgatar os R%24 20 que a máquina ‘engoliu’Sandro Vox / Agência O Dia
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O corretor Gustavo Adolfo, 44, tentou recarregar o cartão na São Bento. Não conseguiu e andou até a Praça Mauá. Foi em vão. “A maioria das estações só tem uma máquina. Às vezes, a fila está ‘lá embaixo’ e só aceita débito ou só dinheiro, quando deveria aceitar as duas formas”, contou.
Na Candelária, também havia só uma máquina, que não aceitava dinheiro. O funcionário que deveria orientar os usuários na plataforma não alertava sobre o problema, ocasionando espera desnecessária na fila. A estudante de Direito Flávia Arruda, 37, perdeu 30 minutos à toa, já que só tinha dinheiro ou cartão de débito da bandeira Elo, que também não é aceita.
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“Podiam estar funcionando as duas máquinas ou ter uma pessoa fazendo vendas manuais em débito e dinheiro”. Ela diz que o sistema dos equipamentos é de difícil manuseio, o que aumenta a demora. Os turistas passam ainda mais aperto, porque só há instruções em língua estrangeira no lado de fora das ATMs, e não no visor.
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Equipe de vendas será ampliada
O diretor de Operações do VLT, Paulo Ferreira, esclareceu que os funcionários são treinados para orientar os usuários sobre o uso das máquinas de autoatendimento (ATM). Ele prometeu providências: “A gente sabe que tem problema nas vendas. Na próxima semana (esta), vamos aumentar as equipes de vendas manuais e de técnicos para fazer atendimento a essas máquinas”.
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Segundo o diretor de TI da RioCard, Carlos Silveira, já foi iniciado teste com novo tipo de sistema na estação Cinelândia. A ideia é testar o equipamento, que teria operação mais ágil e fácil, e substituir, após os experimentos, todas as ATMs. Sobre outros problemas, Ferreira orienta que os usuários sempre tirem dúvidas com os funcionários.
Funcionário tenta impedir a reportagem
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Em todas as estações visitadas, funcionários informavam que era proibido fazer reportagem sem autorização nas paradas do VLT. O diretor da concessionária, Paulo Ferreira, explicou, no entanto, que a imprensa não pode ser impedida de fazer reportagens nas estações ou nos trens.
O repórter chegou a argumentar que era permitido. Mas um agente chegou a chamar o repórter para brigar, na Candelária ao tentar interromper a matéria: “Tiro minha camisa e a gente resolve isso ali fora, de homem pra homem, porque ali, sem uniforme, eu não sou funcionário”, disse.
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O Centro Presente foi acionado e conduziu o homem para a 4ª DP (Praça da República). Ele assinou termo, se comprometendo a não repetir o erro, e foi liberado. “O episódio configura falta de respeito ao trabalho jornalístico e tentativa de cerceamento da liberdade de imprensa, o que torna o fato mais grave por ter ocorrido em espaço público”, declarou o Sindicato dos Jornalistas.
Segundo Ferreira, o agente foi afastado por um dia, e a empresa vai apurar o ocorrido e reorientou suas equipes.