Para a psicoterapeuta Aline Gomes, especialista em saúde da mulher, o objeto não é uma forma de combater a cultura do estupro. “Essa armadura só está considerando a violência como penetração, mas a gente tem que lembrar que beijar e colocar a mão no seio de outra pessoa também é assédio e o produto não consegue proteger disso. Parece que a gente está andando para trás em ter que usar uma forma arcaica de proteção”.
Delegada e psicóloga criticam a polêmica calcinha antiestupro
Modelo tem tecido à prova de cortes
Rio - Uma “arma” criada contra o estupro está causando polêmica e dividindo opiniões nas redes sociais e entre especialistas ouvidos pelo DIA. De acordo com vídeo que está circulando na internet, uma calcinha fabricada por uma empresa americana promete evitar o estupro. O tecido é resistente, não rasga e não pode ser cortado. Além disso, tem um botão de trava, que só abre na posição programada. As primeiras peças já foram todas vendidas nos Estados Unidos.
Delegada da Divisão de Polícia de Atendimento à Mulher (DPAM), Marcia Noeli Barreto acredita que o objeto em nada vai ajudar as mulheres. “Não concordo que a gente tenha que pensar em uma possibilidade como essa, pois sempre impõe o que a mulher deve fazer e não o homem. Sempre são sugestões para as mulheres. Ela não é culpada de nada, o homem é que tem que entender que não pode assediar e violentar ninguém”, destaca.
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Ainda segundo a delegada, as mulheres precisam combater a violência, com a ida à delegacia. “Não se pode deixar de denunciar, porque é fundamental que o autor seja preso. Também para que sirva como exemplo para que os outros entendam que se fizerem isso irão pagar pelo ato”, ressalta. Em 2016, de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), 1.389 pessoas foram estupradas na capital carioca. O número diminuiu em comparação ao ano de 2015, que registrou 1.610 vítimas.