Por tabata.uchoa
Rio - Foragido da Justiça brasileira, o empresário Eike Batista está hospedado no apartamento de um renomado advogado carioca, em Nova York. A Polícia Federal foi à residência de Eike, no Jardim Botânico, às 6h desta quinta-feira, mas ele não foi localizado. Ele viajou na terça-feira à noite para Nova York em um voo da American Airlines. A PF investiga se ele usou um passaporte alemão (Eike é filho de alemã e tem dupla cidadania) para embarcar.
O apartamento fica na Trump Tower, do atual presidente dos EUA Donald Trump, um arranha-céu localizado em frente ao Central Park, que possui 202 metros de altura e 58 andares. Caso o empresário não se apresente à Justiça brasileira, será colocado na difusão vermelha da Interpol - índex dos mais procurados em todo o mundo.
Eike Batista está hospedado na Trump TowerDivulgação

Operação Eficiência

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal fizeram na manhã desta quinta-feira uma operação para cumprir nove mandados de prisão e quatro conduções coercitivas na Operação Eficiência — segunda fase da Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato no Rio.

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Entre os principais alvos com mandados de prisão expedidos estão o empresário Eike Batista, dono do grupo EBX, o ex-governador Sérgio Cabral, que já está preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, além de Wilson Carlos e Carlos Miranda, que também estão presos. A ação tem como base a investigação de crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de aproximadamente US$ 100 milhões no exterior.
Eike Batista tinha um carro esportivo LamborghiniDivulgação

Todos os mandados de prisão foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio.  A operação tem o apoio da Receita Federal e cerca de 80 policiais federais cumprem os mandados. Na casa de Eike, foi encontrado um carro esportivo Lamborghini de alto valor. Além disso, durante a operação, os policiais apreenderam outros 17 veículos.

Os agentes também tentam cumprir mandados de condução coercitiva contra Maurício de Oliveira Cabral Santos, irmão do ex-governador, e Suzana Neves Cabral, ex-mulher de Sérgio Cabral. Também foram expedidos mandados de prisão preventiva contra Sérgio de Castro de Oliveira, chamado Serjão, operador do esquema; Thiago Aragão, sócio do escritório de Adriana Ancelmo, o advogado Francisco de Assis Neto, o Kiko, o doleiro Álvaro José Galliez, e Flávio Godinho.
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Esquema montado por Cabral desviou R$ 100 milhões
Essa etapa da operação Calicute foi baseada em dois acordos de colaboração que revelaram como funcionava o esquema de lavagem de dinheiro e propina cobrada por Sérgio Cabral em todos os contratos do governo do estado, durante a gestão dele. Mais de US$ 100 milhões, R$ 340 milhões, foram enviados para o exterior. De acordo com os procuradores do MPF, somente em 10 meses —  entre agosto de 2014 a junho de 2015— a organização criminosa liderada por Cabral movimentou R$ 39,7 milhões, cerca de R$ 4 milhões por mês.
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"A remessa de valores para o exterior foi contínua entre 2002 e 2007, quando Cabral acumulou US$ 6 milhões. Mas esse alto valor em nada se compararia às surreais quantias amealhadas durante a gestão do governo do Estado do Rio de Janeiro, quando ele acumulou mais de US$ 100 milhões em propinas, distribuídas em diversas contas em paraísos fiscais no exterior”, afirmam os procuradores. "Sua organização criminosa foi extremamente bem sucedida em seus objetivos, amealhou imensa fortuna distribuída a seus membros. E parte desses valores se descortina com esta medida cautelar.”
Com o auxílio de colaboradores, o MPF já conseguiu repatriar cerca de R$ 270 milhões, que estão à disposição da Justiça Federal em conta aberta na Caixa Econômica Federal. A Força-Tarefa vai solicitar cooperação internacional para o bloqueio e posterior repatriação dos valores ainda não recuperados em outros países.
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Depoimento
Em 2016, Eike Batista chegou a depor espontaneamente à força tarefa da Lava Jato —seu testemunho ao Ministério Público Federal (MPF) que resultou no pedido de prisão do ex-ministro Guido Mantega. O empresário afirmou que Mantega, teria pedido um pagamento de R$ 5 milhões para o Partido dos Trabalhadores (PT), em novembro de 2012.
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Na época, Mantega era presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Sob orientação do PT, ele teria firmado um contrato fraudulento com uma empresa do casal de publicitários João Santana e Mônica Moura, para realizar as transferências. Os pagamentos teriam sido feitas no exterior, num total de US$ 2,35 milhões.

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