Por tabata.uchoa
Rio - Denúncias e até flagrantes de crimes motivaram a criação de páginas no Facebook, feitas por quem vivencia o cotidiano de diferentes bairros do Rio ou municípios da Região Metropolitana. Para entender como funciona esse novo modelo de cobrança de ocorrências às autoridades, O DIA conversou com os administradores de algumas das principais redes de divulgação de casos de violência ou perigo.
Com cerca de 450 mil curtidas%2C a Bangu Ao Vivo recrutou moradores para apurar as informações da regiãoDivulgação

A página Rio de Nojeira, que registra flagrantes de roubos no Centro, tem mais de 600 mil seguidores. Com cerca de 450 mil curtidas, a Bangu Ao Vivo recrutou moradores para apurar as informações da região. Administrada pelo empresário Wagner Paim, que conta com a colaboração de outros moradores, a página começou a funcionar há dois anos para ajudar na localização de parentes ou animais desaparecidos.

Os moderadores solicitam boletim de ocorrência e ainda fazem questão explicar publicamente o desfecho do caso. “Se ele aparece dizendo que fugiu porque brigou com a mãe ou se ele fugiu com a namorada, nós falamos”, explica.
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Com quase 17 mil curtidas, a OTT (Onde Tem Tiroteio) planeja lançar aplicativo. “A ideia era que fosse integrado ao Waze para indicar zonas de confronto”, conta o administrador Benito Quintanilha.
A página Rio Comprido Alerta hoje conta com a orientação de um jornalista. “Às vezes, a imprensa oficial não abria tanto espaço para cobrar. Não tínhamos representatividade”, lembra um dos criadores da página, que faz plantão de segunda a sexta-feira para publicar notícias sobre a região.
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Com mais de 233 mil curtidas, a Jacarepaguá Notícias RJ foi criada após um assalto sofrido pelo administrador. “A nossa recompensa é ajudar a população que estava abandonada”, diz. A Ui Meriti, de São João de Meriti, foi criada com a proposta de ser uma página de humor. “No momento em que postamos uma reclamação envolvendo algum órgão público, as secretarias ligadas ao governo retornam rapidamente”, explica o empresário Marcelo Corrêa, administrador da página, criada há seis anos.
Administradora do grupo Relatos de violência em Laranjeiras, Flamengo e proximidades, Bebel Costa defende o diálogo entre a população e as autoridades. “O nosso objetivo é ter uma melhora no nosso convívio, nas nossas ruas”, argumenta.
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‘É preciso checar’, alerta especialista
Coordenador do curso de Jornalismo da Universidade Veiga de Almeida (UVA), Luís Carlos Bittencourt alerta que as notícias publicadas em páginas no Facebook devem ser lidas com cautela.
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“Quando nos deparamos com informações e alertas de violência, devemos pensar duas vezes antes de replicar e checar as informações antes de tomar uma decisão, para não colocar sua vida ou de outras pessoas em risco. Nesse mundo de redes sociais, circulam milhares de informações”, orienta.
Ele também adverte para a diferença entre informações divulgadas pela imprensa. “Tecnicamente, o que as páginas de bairros fazem no Facebook não é jornalismo”.