Por gabriela.mattos
Rio - Os índices de violência no Rio tiveram piora significativa em 2016, assim como a produtividade policial. As últimas estatísticas do Instituto de Segurança Pública (ISP), divulgadas ontem, revelam que nunca houve tantos assassinatos no estado desde 2010. Foram registrados 5.033 homicídios dolosos (quando há intenção de matar) — 19,8% a mais do que no ano anterior. O total de 208.908 roubos foi a maior contagem anual já divulgada na série histórica, iniciada em 2003, com alta de 41,2% em relação a 2015.
Os dados apontam que quase 420 pessoas foram mortas a cada mês e quase 14 por dia, em média. O salto dos homicídios dolosos denuncia uma brusca queda na eficiência da segurança pública em meio ao agravamento da crise financeira estadual. Isso porque, em 2015, o ISP anunciava redução de 15,1% dos casos em relação a 2014.
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Em dezembro passado, 461 pessoas foram mortas, um aumento de 79 ocorrências (+20,7%) em comparação com o mesmo período de 2015. A taxa de homicídios dolosos ficou em 29,9 vítimas por 100 mil habitantes em 2016.
Total de mortes violentas sobe 24%2C7% no ano passado. Roubos atingiram o maior número da história Arte O Dia

O total de mortes violentas (que reúne homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial) cresceu 24,7% no ano passado, passando de 5.010, em 2015, para 6.248, em 2016.

De acordo com o ISP, grande parte dos homicídios em 2016 ocorreu em municípios da Baixada Fluminense e do Norte do estado, incluindo a Região dos Lagos. A Área Integrada de Segurança Pública (AISP) que sofreu maior aumento em relação a 2015 foi a de Seropédica, Itaguaí, Paracambi, Queimados e Japeri, com 119 mortes a mais. O segundo pior resultado foi na área de Campos dos Goytacazes, São Francisco de Itabapoana, São Fidélis e São João da Barra, onde os registros policiais deram conta de 105 casos.
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Por outro lado, a AISP que engloba os bairros centrais da capital, Caju, Mangueira, São Cristóvão, Vasco da Gama, Maracanã, Tijuca e Praça da Bandeira apresentou maior redução de vítimas (12 mortes a menos).
A produtividade policial não seguiu a curva de crescimento de 2015. Em 2016, houve redução de 3,3% das prisões (com entrada no sistema prisional) em comparação com o ano anterior. Já em 2015, esse indicador havia crescido 27,9%. Situação semelhante foi observada quanto às apreensões de adolescentes encaminhados ao sistema sócioeducativo: uma redução de 6,6% em 2016, enquanto em 2015 foi registrado aumento de 22,5%. A apreensão de armas continuou subindo (+0,6%). Mas, em 2015, a alta tinha sido de 3,1% em relação ao ano de 2014.
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Especialista: polícia está desmotivada
Para Vinicius Cavalcante, diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança no Rio, o aumento do número de homicídios está relacionado à crise econômica: “Estamos vendo um rearranjo interno nos grupos criminosos. Tem a ver com o fato de a gente passar por uma crise que ameaça rendimentos da polícia”.
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Sobre os altos índices na Baixada, o coronel Paulo César Lopes afirma que são decorrentes de uma política de pacificação falaciosa: “Além de promover uma diáspora dos criminosos para essas regiões, reduziu drasticamente o efetivo das unidades locais”.
A Polícia Militar afirma que está atenta aos números do ISP para aprimorar o patrulhamento no estado e o planejamento operacional de suas unidades.