Por gabriela.mattos

Rio -  Um minizoológico. Assim pode ser definido o sítio de Marco Antonio Figueiredo Martins, o Marquinho Catiri ou Marquinho do Ouro, acusado de chefiar uma milícia que age nas zonas Norte e Oeste do Rio. A propriedade em Sapucaia, divisa do Rio com Minas Gerais, foi descoberta por agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e de Inquéritos Especiais (Draco/IE) em um ano de investigação sobre a atuação do grupo paramilitar. Ontem, seis suspeitos de integrar o bando foram capturados durante a Operação Ourives. Marquinho é o único foragido.

Marco Antonio Figueiredo Martins, o Marquinho Catiri ou Marquinho do Ouro é acusado de chefiar uma milícia que age nas zonas Norte e Oeste do RioReprodução Vídeo

“Trata-se de um grupo criminoso com várias fontes de dinheiro ilícito. Explorava motoristas de transporte alternativo na Zona Oeste e comandava milícia na Zona Norte”, disse o titular da Draco, Alexandre Herdy.

A quadrilha era monitorada desde que a especializada recebeu informações da Coordenadoria Especial de Transporte Complementar da Prefeitura do Rio. Segundo a denúncia, os milicianos cobravam taxa semanal de até R$ 1 mil de motoristas de vans de linhas da Zona Oeste. Foram presos ontem Frans Marcelo de Almeida Santos, Wilton de Assis Varanda, Luiz Carlos Fernandes da Silva, Alexsandro José da Silva, Sandoval Di Franco e Alberto Mattos Silva — os dois últimos são PMs reformados.

Antes de ser de Marquinho Catiri, o sítio pertenceu ao ex-prefeito de Teresópolis Arlei de Oliveira Rosa, que foi cassado. Em 2015, o Ministério Público abriu inquérito para investigar suposto enriquecimento ilícito do político. Com mandado de busca e apreensão, agentes da Draco/IE vasculharam a propriedade ontem e encontraram animais exóticos, como lhamas e araras, além de cavalos de raça. O local tem um casarão com piscina e lago com pedalinho.

Propriedade na divisa com Minas já pertenceu a ex-prefeito de Teresópolis%2C que foi cassadoReprodução Vídeo

O Ibama informou que não há procedimento contra o atual dono do sítio, mas que o antigo proprietário foi autuado três vezes por não ter documento de origem dos animais. O MP não respondeu se houve registro da venda do imóvel pelo político e afirmou que a investigação sobre enriquecimento ilícito contra Arlei segue em andamento. Segundo a polícia, Catiri assumiu o comando da milícia em 2008, após a prisão de Fabrício Fernandes Mirra.

Cada um tinha papel definido

De acordo com as investigações da Draco, a milícia comandada por Marquinho Catiri tinha funções bem definidas e agia em duas frentes. Na Zona Oeste, Wilton de Assis era gerente operacional da cooperativa JB, hoje chamada de Kairos. Frans prestava contas do lucro ao chefe do bando, e Luiz Carlos era fiscal dos motoristas. Já Alberto agia como segurança e “executor de ordens”. Foi apreendido ontem, na sede da cooperativa, um cofre com R$ 142 mil.

Lhama é encontrada em sítio de milicianoReprodução Vídeo

Já na Zona Norte, Alexsandro José cobrava taxas de moradores e comerciantes das comunidades Fernão Cardim (Engenho de Dentro), do Guarda (Inhaúma) e Águia de Ouro (Del Castilho). Sandoval, o Tigrão, era um dos seguranças pessoais e homem de confiança de Marquinho Catiri. Na ação de ontem, além do cofre, foram apreendidas quatro armas.

Todos os presos vão responder por organização criminosa. Sandoval tinha um mandado de prisão preventiva expedido por homicídio qualificado, ocorrido em 2013 em Santa Cruz.
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