Rio - Pelo menos dez dos 37 shopping do Rio não vão abrir as portas na segunda-feira de Carnaval (dia 27). A já tradicional folga dos comerciários nesse dia, emendando com o feriado da Terça-Feira Gorda, virou um cabo de guerra entre o sindicato da categoria e o que representa os comerciantes. De um lado, trabalhadores alegam insegurança; de outro, empresários os acusam de propagar o pânico entre os consumidores e contribuir para as já combalidas vendas em meio à crise financeira do estado.
“Os trabalhadores estão cada vez mais indignados. Sabem que vai ser difícil circular pela cidade e que a insegurança no período de Carnaval também vai aumentar”, afirma o presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro (SEC-RJ), Márcio Ayer. Ainda segundo Ayer, “muitos comerciários se preocupam com possíveis arrastões, “com a bandidagem aproveitando o fato de que o policiamento estará concentrado nos locais em que haverá atividades de carnaval”.
Ele ainda acusa o sindicato patronal de negligenciar a segurança dos trabalhadores. “Há uma grande insatisfação de trabalhadores e lojistas. Esses shoppings estão brincando com fogo. Não desistiremos e vamos continuar pressionando junto com os trabalhadores”, promete o sindicalista.
'Risco de pânico'
O Sindicato dos Lojistas do Comércio (SindilojasRio) rebate: “A alegada questão da segurança é irresponsável e pode provocar pânico”. Em nota, o sindicato diz que “Segurança é preocupação de todos e não apenas de uma determinada categoria profissional”. E provoca: “É de se estranhar que a alegada preocupação com a segurança não se estenda aos outros dias do Carnaval – sexta, sábado e domingo – limitando-se à segunda-feira”.
O Sindilojas ainda acusa o Sindicato dos Comerciários de “ignorar a grave crise financeira que assola o estado” e tentar “prejudicar o funcionamento do comércio, em um período que o Rio receberá milhares de visitantes”. “O comércio gera empregos, renda e está sujeito a uma alta carga tributária. Se não funciona, perdem todos, do lojista ao consumidor, passando pelo comerciário, que deixa de vender e receber comissão, e, também, pelo estado, que deixa de arrecadar com o ICMS”, diz o presidente, Aldo Gonçalves. A entidade garante que a segunda-feira de Carnaval é dia útil. E o funcionamento nesse dia ficará a critério dos shoppings e comerciantes.
Tijuca nega ter sofrido ‘pressão’
O Sindicato dos Comerciários diz que, após pressão, os shoppings Tijuca, Barra Shopping/New York Center, Rio Sul, Botafogo Praia, Shopping Leblon, ParkShopping Campo Grande, Village Mall e ParkShopping Sulacap anunciaram que não vão funcionar na segunda de Carnaval.
Ainda segundo o SEC, no Rio Design Barra e Américas Shopping a abertura será facultativa, e “a pressão continua para que outros grandes centros comerciais como Norte Shopping, Nova América e Bangu Shopping respeitem os trabalhadores e tenham bom senso”.
O Shopping Tijuca negou, em nota, ter sido pressionado pelos comerciários. E informou que estará com lojas e quiosques fechados na segunda e terça, “como ocorre todos os anos”. Já a praça de alimentação ficará aberta na segunda e, facultativamente, na terça. Já o cinema funciona normalmente, nos horários programados.
O Ilha Plaza, que não estava na lista do SEC, informou que não terá lojas e quiosques funcionando nos dois dias, “como ocorre normalmente todos os anos”. Apenas a Lojas Americanas funcionará das 15 às 21h na segunda e também no feriado de ferça. Já a praça de alimentação funcionará de 10h às 21h, em regime facultativo. Em ambos os dias, o cinema estará aberto, em horário normal.
Em janeiro, um suspeito acabou ferido por agentes do Bope em assalto a uma joalheria no Ilha Plaza.