Por thiago.antunes

Rio - Uma notícia triste atingiu em cheio a boemia carioca. O bar Petisco da Vila, ícone da cidade durante mais de 40 anos, fechou as portas no último fim de semana, deixando órfãos os moradores de Vila Isabel e antigos frequentadores. O fim do Petisco, publicado pelo DIA na edição da última terça-feira, veio acompanhado não de chopes, torresmos ou moelas, mas de lendas que cercavam o botequim. 

Em princípio, o motivo seria a venda do imóvel a uma construtora, que ali ergueria um prédio, mas manteria o bar no térreo, após a construção. Seria um golpe na tradição, mas não a morte definitiva do estabelecimento.

Botequim no Boulevard 28 de Setembro reunia sambistas renomadosAlexandre Brum / Agência O Dia

A realidade, no entanto, é bem pior. De acordo com Amadeu Souza, filho de Manoelzinho, fundador do bar, o encerramento das atividades se deve a vários fatores, a começar pela violência na região, que afastou frequentadores, sobretudo no período noturno.

As obras e os consequentes impasses envolvento a utilização do Maracanã, que atualmente passa mais tempo fechado que aberto, também contribuíram para o fim do Petisco, que durante muitos anos era o bar que mais vendia chope no país. Aliás, o consumo ‘per capita’ de álcool no bairro de Vila Isabel já chegou a superar o da boêmica Lapa.

Greves influenciaram

Em nota divulgada “à imprensa e ao público em geral”, Amadeu ainda cita as frequentes greves da Uerj e do Hospital Pedro Ernesto, que ficam próximos, como motivos para a queda do faturamento, já que muitos clientes eram alunos e professores da universidade, bem como funcionários do hospital.

“A desaceleração da economia, agravada pela grave crise do nosso estado, o desemprego, o aumento dos impostos e das obrigações sociais, enfim, este todo não deixou outra alternativa senão cerrar as portas em momento que ainda permita a empresa honrar todos os seus compromissos com funcionários, fornecedores e tributos. O nosso muito obrigado a todos que nos prestigiaram ao longo de quase 50 anos”, encerrou o empresário na nota.

Inaugurado em 1969, o Petisco se autodenominava “o maior estabelecimento de comes e bebes do Boulevard 28 de Setembro”. O título aos poucos foi se confirmando, com a presença constantes de personagens ilustres da boemia carioca, como o cartunista Jaguar e os sambistas Jamelão, Neguinho da Beija-Flor e Martinho da Vila, que há três semanas comemorou por lá o seu aniversário.

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