Por karilayn.areias

Rio - A frieza de Simone Gonçalves Resende, de 46 anos — apontada como mandante do assassinato da irmã, Soraya Resende, de 37, o diretor de eventos da OAB-RJ, Wagner Salgado, de 43, e a filha do casal, Geovanna, de apenas nove anos — impressionou até a polícia. De acordo com o delegado Fabio Barucke, da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), ela não se comoveu nem mesmo diante da foto da sobrinha assassinada. 

Suspeitos de matar família de São Gonçalo são presosMaíra Coelho/Agência O Dia

"Ela falou apenas 'minha sobrinha que tanto amo'. Mas sua expressão não condizia com suas palavras. Naquele momento eu tive a certeza de que ela teve participação no crime, um homicídio bárbaro, motivado única e exclusivamente por ganância, por interesse numa herança de sete milhões de reais, a ponto de matar, inclusive a sobrinha, uma criança, para acabar com a linha sucessória", disse Barucke.

Simone foi presa, por agentes capixabas e da 124ª DP (Saquarema) que estavam em apoio à ação dos policiais da DHNSG, após ser localizada no município de Mimoso do Sul (ES). De acordo com o delegado titular da 124ª DP, Leonardo Macharet, os policiais receberam informações da localização da suspeita e estavam no município desde o início da semana.

"Ela estava em Mimoso do Sul havia dez dias, tentanto se esconder. Foi levada para lá por um amigo taxista, Marcelo Brito Rangel, que estava auxiliando materialmente a fuga dela. Era através dele que ela conseguia dinheiro para se manter, pois suas contas já haviam sido bloqueadas pela Justiça. O taxista foi preso pela Polícia Rodoviária Federal e, a princípio, responderá por favorecimento pessoal. Mas ainda queremos saber se ele teve outra participação nos crimes", contou o delegado Fábio Barucke, titular da Divisão de Homicídios.

De acordo com os policiais, Simone já tinha alugado uma casa simples, mudado corte e cor do cabelo para recomeçar a vida na cidade capixaba. Ela prestou depoimento ontem à tarde e foi encaminhada ao Complexo Penitenciário de Gericinó, onde aguardará julgamento por triplo homicídio triplamente qualificado, com pena mínima de 60 anos de detenção.

Além de Simone, foram conduzidos ontem para o Complexo Penitenciário de Gericinó, Diego Moreira da Cunha, de 24 anos, preso no dia 24 de fevereiro, após admitir que Simone o contratou para matar Soraya e a família, além dos filhos gêmeos da Simone, Matheus e Lucas Resende Khalil, que estavam presos desde 23 de fevereiro. O primeiro confessou ter acompanhado Diego e Gabriel Botrel de Araujo Miranda (ainda foragido) para matar sua tia e família. Confessou, também, ter baleado a prima de apenas 9 anos.

Lucas, por sua vez, teria vendido um carro para financiar o crime. Os três ainda teriam negociado com Simone uma pensão vitalícia de R$ 3 mil pelo triplo assassinato, além dos R$ 20 mil prometidos a cada um dos assassinos.

"Os dois irmãos afirmaram que a mãe nutria um ódio muito grande pela tia por ela ser filha adotiva e ter reivindicado direito a herança. A mãe (Simone) dizia aos filhos que um dia mataria a irmã. Ela contratou dois matadores e pediu aos filhos para ajudarem na execução do crime”, explicou Fabio Barucke.

Barucke afirmou, ainda, que os três presos mudaram as versões em seus depoimentos. Matheus havia dito que Gabriel e Diego efetuaram os disparos. Já Diego, disse que os três dispararam contra as vítimas. Depois, em um novo depoimento, eles afirmaram que Gabriel foi o único atirador. Para não despertar a atenção dos vizinhos, os criminosos teriam utilizaram um pano no cano das armas para abafar o barulho dos disparos. Pelo menos quatro tiros foram efetuados no quarto da família.

Magia negra

No local do crime, os peritos encontraram quatro dentes que teriam sido usados em um ritual de magia negra. Matheus contou aos investigadores que os dentes foram colocados no local pelos assassinos contratados por sua mãe.

Após a Justiça autorizar a quebra do sigilo telefônico de Simone, os agentes encontraram uma mensagem dela com um homem responsável por um terreiro, em Saquarema. Em um dos textos, ela pede para ele não esquecer da oferenda para “aquela entidade que mata”, sem citar o nome. Os policiais realizaram diligência no terreiro onde esse homem atuaria, mas o local estava fechado. O religioso será intimado a prestar depoimento.

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