Rio - Feriado de 7 de Setembro do ano passado. Uma guimba de cigarro jogada ao chão levou Anderson de Souza Emigdio à prisão na Praça 15, por agentes da Operação Segurança Presente. Na delegacia, descobriu-se que o rapaz tinha oito mandados de prisão, um deles pelo assassinato do policial militar Benhur Lourenço Couto, do 41º BPM (Irajá), em 2012. A vítima chegava para trabalhar na cabine da PM, na Rua Aníbal Porto, em Irajá, quando foi morto a tiros supostamente por Anderson.
Inspirada na política conhecida como “tolerância zero”, instituída pelo ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, o projeto de segurança que envolve mais de 800 homens (60% policiais militares da ativa e da reserva e 40% agentes civis), bancados em sua maioria com recursos da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), será expandido para mais dois bairros: Leblon, na Zona Sul, e Tijuca, na Zona Norte. O modelo foi implementado na Lapa há três anos, e já funciona também no Aterro do Flamengo, Centro, Lagoa e Méier.
O sucesso das operações diárias, com sistema diferenciado de policiamento ostensivo, que já resultou, com agentes patrulhando a pé, em trios, bicicletas e motos, na detenção de 9.785 suspeitos nos últimos 36 meses (média de nove por dia), sem contar com o cumprimento de 1.072 mandados de prisão contra criminosos condenados pela Justiça e que estavam soltos, praticando toda sorte de delitos nas cinco regiões, faz com que o comando da Operação Segurança Presente receba dezenas de solicitações para a expansão das ações pela cidade.
“O que há de concreto são negociações iniciadas para possíveis unidades no Leblon e Tijuca, mas nada fechado ainda”, afirma o capitão Paulo Henrique Nhary, coordenador geral das operações. Graças à atuação dos agentes na região central da Capital, especialmente na Lapa, pontos de venda de drogas, que funcionavam nas portas de bares, foram praticamente extintos. “Os traficantes agora tentam ludibriar a polícia, vendendo maconha, cocaína e crack, camufladadas até em doces e flores. As prisões aumentaram nesse contexto. Estamos atentos”, avisa.
E estão mesmo. Duzentos e quarenta traficantes e 5.422 usuários de drogas foram conduzidos a delegacias em três anos, assim como 1.068 ladrões, retirados de circulação, flagrados roubando ou furtando.
“Ainda tem muito bandido à solta por aqui, mas nos sentindo mais seguros vendo policiais por perto”, diz advogada Marilía Brandão, 45 anos, moradora da Lapa. Nas redes sociais há agradecimentos. “Recuperei meu carro roubado rapidamente, graças a Operação Segurança Presente. Os agentes foram solícitos, educados e prestativos”, postou Diogo Ribeiro no Facebook.
Pesquisa de opinião feita em novembro pela internet, mostrou que 92,5% de 9,3 mil internautas, se disseram satisfeitos com a Segurança Presente.
Ações filmadas e sem uso de violência
Mas qual o segredo do sucesso da Operação Segurança Presente, num momento em que o policiamento ostensivo sofre duras críticas por conta de supostos desvios de conduta em relação ao modelo tradicional? “Nossa postura é de proximidade, evitando a todo custo o uso de violência e de qualquer tipo de arma. Além disso, nossas abordagens são filmadas, para a segurança, tanto das equipes, quanto das pessoas envolvidas em situações delituosas”, explica o capitão Paulo Nhary.
Ele garante que o polêmico encaminhamento de moradores de rua a abrigos (foram 33.856 desde 2013), passaram a ter “maior compreensão da população e entidades de defesa dos Direitos Humanos”, devido a presença de assistentes sociais .
Em nota, a Fecomércio, que desembolsa quase R$ 70 milhões no projeto, enalteceu a parceria com o poder público, mas não deixou claro se irá renovar ou não os contratos em vigor. Já a prefeitura, que gasta R$ 23,5 milhões no Centro Presente, também em nota, emitida pela Secretaria de Ordem Pública (Seop), informou que tem “intenção de estender o projeto até a Cidade Nova”, mas não precisou data.