Por nadedja.calado

Rio - Vinte e dois deputados estaduais, de dez partidos diferentes, assinaram uma nota de repúdio à violência policial empregada nas manifestações da Greve Geral no último dia 28. Na nota, os deputados consideraram que "A Polícia Militar atuou deliberadamente para impedir que o protesto ocorresse" e "lançou de forma indiscriminada bombas de gás contra todos os manifestantes, provocando pânico". 

Segundo o deputado Flavio Serafini (PSOL-RJ), que discursava na Cinelândia quando o palco foi atingido por uma bomba de gás, o caso foi denunciado: "Fiquei impressionado com as filmagens, como todo mundo fica. Não tinha noção de que a bomba havia chegado tão perto do meu rosto. Poderia ter tido consequências graves, e agora cabe à Polícia e ao Ministério Público avaliar". 

Na nota, os deputados responsabilizam o governador Luiz Fernando Pezão pela atuação da PM e exigem que o Secretário de Segurança Pública, Roberto Sá, seja convocado à Alerj para prestar esclarecimentos, o que, segundo Serafini, deve acontecer nos próximos dias. "Na nossa avaliação, (a bomba jogada no palco) foi mais uma arbitrariedade dentro de um contexto de uso indevido da força, que abalou nosso direito democrático à manifestação", declarou o deputado. 

Confira a íntegra da nota e os deputados que assinaram:

NOTA CONTRA A VIOLÊNCIA POLICIAL ÀS MANIFESTAÇÕES NO RIO DE JANEIRO

Nós deputados estaduais do Estado do Rio de Janeiro responsabilizamos o governador Luiz Fernando Pezão pela atuação violenta e ilegal da Polícia Militar nas manifestações contra a Reforma da Previdência e a Reforma Trabalhista do governo de Michel Temer. Neste sentido, exigimos a convocação do Exmo Secretário Estadual de Segurança Pública, Roberto Sá, para que venha à Assembleia Legislativa prestar esclarecimentos públicos em nome do Governo quanto ao lamentável episódio ocorrido na última sexta-feira. 

Nos atos realizados no dia 28 de abril, no Centro do Rio, verificamos no local e através da cobertura das mídias os excessos praticados contra cidadãos e cidadãs que exerciam seu livre direito de manifestação de forma pacífica.

A Polícia Militar atuou deliberadamente para impedir que o protesto ocorresse. Já na concentração, em frente ao Palácio Tiradentes, a PM lançou de forma indiscriminada bombas de gás contra todos os manifestantes, provocando pânico e colocando em risco em especial a segurança de crianças e idosos. Foi possível ainda, presenciar o desespero das pessoas nas ruas, algumas inclusive caíram e se lesionaram. 

Mesmo diante do terror e dos riscos à segurança da população, a PM perseguiu os manifestantes até a Cinelândia. Policiais cercaram a praça e encurralaram as pessoas, contra as quais lançaram bombas de gás e dispararam tiros de bala de borracha. Diversas pessoas ficaram feridas. Até mesmo o palco no qual estavam parlamentares e representantes de sindicatos e movimentos sociais foi reprimido. Para fugir dos ataques, parte dos manifestantes correu em direção ao Aterro do Flamengo e muitas pessoas quase foram atropeladas pelo fluxo de carros que circulava na região.

A atuação da PM violou garantias fundamentais do Estado Democrático de Direito, problema que vem se agravando no Estado do Rio de Janeiro. Por isso, exigimos que o governador Luiz Fernando Pezão preste contas à população sobre as ilegalidades praticadas pelos seus agentes públicos e tome as necessárias providências para que seja interrompida esta escalada de violência institucional contra a liberdade de expressão e reunião. 

Assinaram:

Gilberto Palmares (PT)

Marcelo Freixo (PSOL)

Luiz Martins (PDT)

Luiz Paulo (PSDB)

Enfermeira Rejane (PC do B)

Comte Bittencourt (PPS)

Dr. Julianelli (Rede)

Tio Carlos (SD)

André Ceciliano (PT)

Bebeto (PDT)

Carlos Minc

Cidinha Campos (PDT)

Eliomar Coelho (PSOL)

Flávio Serafini (PSOL)

Janio Mendes (PDT)

Lucinha (PSDB)

Martha Rocha (PDT)

Paulo Ramos (PSOL)

Waldeck Carneiro (PT)

Wanderson Nogueira (PSOL)

Zaqueu Teixeira (PDT)

Zeidan (PT)

?Reportagem da estagiária Nadedja Calado?

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