Rio - Dois dos quatro balões milionários com câmeras comprados para a Polícia Militar e a Guarda Municipal usarem na Rio 2016 sofreram acidentes ainda durante os Jogos Olímpicos. Um pegou fogo no ar, o outro voou para longe. Os fatos não foram divulgados na época, sendo revelados apenas após O DIA questionar sobre o uso dos equipamentos atualmente.
Comprados pelo Ministério da Justiça por cerca de R$ 23 milhões da empresa Altave, os chamados Aerostatos de Monitoramento Persistente de Grandes Áreas são capazes de monitorar regiões em 360 graus com imagens simultâneas de alta definição. Eles foram empregados nas quatro áreas onde tiveram competições: Maracanã, Barra da Tijuca, Copacabana e Deodoro.
Um deles, operado pela Polícia Militar, na Quinta da Boa Vista, ficou inoperante após o invólucro do balão se soltar e voar. Já o que foi doado para a Guarda Municipal (GM) pegou fogo, em Deodoro, e ficou inutilizado, queimando suas 13 câmeras.
A aquisição dos balões pelo Ministério da Justiça foi alvo de forte críticas de setores da PM. Um relatório feito pela corporação, ao qual O DIA teve acesso, dizia que “o gasto operacional não justificava sua compra, não sendo recomendado para operações”. “Um enorme e milionário elefante branco. Presente de grego”, disse um oficial à reportagem.
Apesar de poder ficar no ar por 36 horas, os balões consomem 80 metros cúbicos de gás hélio para inflar, o equivalente a cerca de R$ 40 mil a cada subida. Por conta da crise estadual, os balões restantes, após a Rio 2016, não foram mais utilizados.
Em nota, a PM explicou que “o uso dos balões era experimental”. Já a GM divulgou que “o calor e a fumaça provenientes de um incêndio na mata perto do equipamento acabou danificando o invólucro e peças eletrônicas mais sensíveis. No momento não há previsão de conserto devido ao alto custo”. O balão da Guarda ficou posicionado entre os estádios de Deodoro, de Canoagem Slalom e o Centro Olímpico de Tiro.
A empresa Altave disse que “a responsabilidade de manuseamento dos equipamentos era das corporações e que ambas tiveram treinamento”. O treino teve um custo de outros R$ 1,460 milhões. O contrato não previa manutenção de peças sobressalentes nem seguro para esses acidentes.
Já o Ministério da Justiça afirmou que comprou os equipamentos pois “(helicópteros exigiriam) custo muito maior com combustível, e econômica para o erário. Eventuais falhas no uso dos equipamentos doados devem ser apuradas em processos administrativos próprios”.