Por thiago.antunes

Rio - O Rio vai receber o reforço de 380 policiais rodoviários federais para patrulhar as estradas estaduais. “O governo federal prometeu ainda aumentar o efetivo da Polícia Federal no Rio e fortalecer a interlocução entre as áreas de inteligência”, afirmou em nota o Palácio Guanabara, ontem, à noite.

A medida faz parte do tão esperado plano de segurança para o Rio de Janeiro, anunciado, ontem, em, Brasília, pelo presidente Michel Temer. Temer, por sua vez, não detalhou as medidas para conter a violência no território fluminense, se limitou a dizer que o governo federal iniciará a implementação do plano e que as ações de combate à criminalidade não serão “pirotécnicas”.

Após pedido de socorro do Rio%2C o governo federal enviou 300 homens da Força Nacional%2C em maio%2C para atuar sobretudo contra o roubo de cargasSeverino Silva / Agência O Dia

“A parceria que firmamos com o presidente Michel Temer e com o prefeito Marcelo Crivella, envolvendo todo o governo do estado, toda a área de segurança, será fundamental no combate ao crime organizado”, afirmou o governador Luiz Fernando Pezão.

Além do reforço de policiais, está prevista a criação de um comitê formado pelo Gabinete de Segurança Institucional, ministérios da Defesa, Justiça e Segurança Pública, Desenvolvimento Social e Agrário, e Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

“Agora, nós vamos começar experiências nas várias cidades brasileiras. Não uma interferência, mas uma produção operacional mais intensa em cada estado”, afirmou Temer, adiantando, apenas, que o plano terá, entre suas referências, o que foi executado durante os Jogos Olímpicos, “quando as forças nacionais garantiram tranquilidade absoluta para a realização do evento”.

O reforço da atuação da Polícia Rodoviária Federal nas BRs que cortam o estado é uma das bases do planoEstefan Radovicz / Agência O Dia

Além de investimentos em equipamentos, laboratórios e pessoal das polícias, o governo federal pretende ampliar os benefícios do Bolsa Família e de outros programas sociais nas comunidades do Rio e nos subúrbios.

“Esta é a primeira vez que um governo assume a responsabilidade sobre esse tema (segurança pública) que nenhum prefeito ou governador terá condições de superar sozinho”, disse o presidente da Câmara, após o discurso de Temer. De acordo com Maia, o plano em elaboração “garantirá futuro e paz melhores no Rio”.

Mais cedo, no Palácio Guanabara, em outra reunião, o governo federal prometeu criar uma força-tarefa, em parceria com o governo do estado e a prefeitura, para atuar na área social, visando à diminuição dos índices de criminalidade no estado.

Crivella pede mais rigor na punição ao porte de fuzis

O prefeito Marcelo Crivella solicitou ao presidente Michel Temer e ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, agilidade na votação do projeto de lei que torna crime hediondo a posse e o comércio de armas de fogo de uso restrito. O pedido aconteceu durante a reunião promovida pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, em Brasília.

“É preciso acabar com o uso banalizado de fuzis. Não é possível a cidade do Rio de Janeiro receber diariamente arsenais de guerra clandestinos, como o apreendido pela polícia no Aeroporto Internacional, na última quinta. Temos que tornar a legislação mais rígida para aqueles que comercializam, traficam e portam armas de uso restrito”, afirmou o prefeito.

Na reunião foram discutidas as estratégias que constarão no Plano Nacional de Segurança Pública, que terá o Rio como laboratório durante 18 meses, integrando as esferas Federal, Estadual e Municipal.

Violência mata mais do que terrorismo

Todos os atentados terroristas do mundo nos cinco primeiros meses de 2017 não superam o número de homicídios registrado no Brasil em três semanas de 2015. Em 498 ataques, 3.314 pessoas morreram no mundo, de acordo com levantamento da Esri Story Maps e da PeaceTech Lab.

Segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, cerca de 3,4 mil pessoas foram assassinadas no Brasil a cada três semanas em 2015. A comparação foi feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que divulgaram ontem o Atlas da Violência 2017.

O estudo registra 59.080 assassinatos no país em 2015. Os registros permitem calcular uma taxa de 28,9 assassinatos para cada 100 mil brasileiros. Apesar de ser 3,1% menor que a de 2014, a proporção é 10,6% maior que a registrada em 2005.

A variação da taxa de homicídios se deu de forma desigual no país entre 2005 e 2015. Em seis estados do Norte e Nordeste, a taxa cresceu mais de 100%, enquanto em todo o Sudeste o indicador caiu.

Você pode gostar