Por karilayn.areias

Rio - O menino de um ano e seis meses, que morreu uma hora e meia depois de uma médica se recusar a levá-lo para um hospital na ambulância solicitada pela família, foi velado no Cemitério do Caju, na Zona do Rio, na tarde desta quinta-feira. Breno Rodrigues Duarte da Silva faleceu após vomitar e se engasgar, enquanto esperava por socorro. Ele foi enterrado por volta das 16h10.

Criança morta após médica se recusar a prestar socorro é enterrada no Cemitério do CajuDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

Emocionados, famíliares da criança vestiam camisetas com a foto do menino. Durante a cerimônia, muitas pessoas também se mostraram indignadas com o caso. "Ele estava com uma gastroenterite, passando mal do estômago. A médica que cuida dele indicou a internação. Durante a madrugada ele piorou, tinha dificuldade de respirar. O home care solicitou a ambulância às 8h20 e 9h10 já estava na porta do meu condomínio. O porteiro avisou que tinha chegado, mas não subia. Depois, ele ligou e disse que a doutora tinha ido embora. O porteiro disse que ela esbravejava ao telefone e estava nervosa. Aí ela rasgou os papéis que parecia ser a solicitação do atendimento e disse que tinha acabado o plantão e que não era pediatra", contou a mãe de Breno, Rhuana Lopes Rodrigues, de 28 anos.  

Quando a segunda ambulância chegou, às 11h, o menino já estava morto. Breno nasceu com problemas neurológicos e desde que deixou o hospital, em julho de 2016, recebia atendimento em casa no sistema home care. Desde então Rhuana deixou a vida de empresária de lado e passou a se dedicar integralmente ao filho. "Ele tinha 1h30 para chegar ao hospital. Vou morrer com o "se". Se ela o tivesse levado, ele estaria vivo? Se tivesse vomitado no hospital, não teria equipamentos para salvar ele?

O casal pretende entrar na Justiça por conta da negligência no atendimento. A Unimed, contratada pela família, era a responsável pela solicitação da ambulância. O caso foi registrado na 16ª DP (Barra da Tijuca).

Em nota, a Unimed-Rio disse lamentar profundamente a morte de Breno e que vem "prestando apoio irrestrito à família nesse momento tão difícil." A empresa disse que está tomando as providências para descredenciar imediatamente o prestador "Cuidar" por conta da "postura inadmissível no atendimento prestado à criança."

"Além disso, adotará todas as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis em razão da recusa de atendimento por parte do prestador de serviço", concluiu a cooperativa em nota. A reportagem tentou falar por telefone com a Cuidar Emergências Médicas, mas não conseguiu contato. 




Você pode gostar