Rio - Com os dias contados, a Operação Centro Presente deve ganhar novo fôlego pelo menos até o fim do ano. O prefeito Marcelo Crivella anunciou ontem que vai renovar, ainda esta semana, a parceria com a Fecomércio-RJ para garantir a continuidade do programa. A prefeitura custeia metade da operação, no valor de aproximadamente R$ 2 milhões por mês. “Esta semana vamos renovar. A prefeitura conseguiu os recursos necessários para renovar até o final do ano”, revelou.
O projeto estava ameaçado de acabar por falta de recursos, como o ‘Informe do DIA’ revelou em abril. O prazo para encerrar as atividades era o fim deste mês. Preocupados com a onda de violência na cidade, população, comerciantes da região e Câmara de Vereadores fizeram manifestações a favor da renovação.
De acordo com o governo, as “tratativas para a renovação estão bem adiantadas, aguardando apenas a decisão da data para a assinatura do convênio”. O valor anual do convênio é de R$ 47 milhões.Diariamente 522 agentes de segurança civis e militares da ativa e da reserva patrulham a região do Centro, com bases na Praça Mauá, Praça XV, Largo da Carioca e Central do Brasil.
Desde que foi implantado, em 4 de julho do ano passado, o programa realizou 2.337 prisões em flagrante por diversos crimes, como roubo (102), furto (195) e porte de arma branca (115). Um número que chama a atenção é o de mandados de prisão cumpridos na área: foram capturados 341 foragidos da Justiça (quase um por dia).
Segurança na Prefeitura
O prefeito também anunciou medidas para dar mais segurança ao Centro Administrativo São Sebastião, que foi alvo, na quarta-feira, da ação de bandidos que assaltaram um carro-forte que abastecia os bancos e caixas eletrônicos que funcionam no prédio.
Na ocasião, dois vigilantes foram baleados e permanecem internados, em estado estável. Crivella afirmou que pedirá às empresas de transporte de valores que avisem com antecedência quando irão à prefeitura para que seja feita uma varredura no estacionamento, por onde os criminosos entraram, usando credenciais falsas.
“É preciso que a gente tome medidas preventivas. Eles precisam nos avisar com antecedência para a gente ver se há indivíduos no estacionamento que não deveriam estar lá. Já estamos prevenidos agora. Quando soubermos que vai pra lá um carro com muito dinheiro, vamos reforçar a Guarda Municipal e trazer a PM”, disse o prefeito.
Ele ainda classificou a ação como inadmissível. “Fomos pegos de surpresa. Entraram com um crachá falso, esperaram as portas do carro-forte se abrirem e passaram a dar rajadas de tiros de metralhadoras. E saíram carregando uma bolsa de moedas. Foi uma coisa absolutamente inaceitável. Não há de se esperar que uma gangue vá assaltar aquele estacionamento se não houvesse a figura de um carro entregando dinheiro”.
Passeio Público é devolvido à população com um ‘banho de loja’
Fechado desde o ano passado, o Passeio Público do Rio, no Centro, foi reaberto na manhã de ontem, após receber um ‘banho de loja’: reparos, aparo da grama, troca de luminárias e grades, nova pintura, plantio e restauração de mudas, além do restauro de algumas obras. A prefeitura não informou quanto foi gasto na reforma. “Essa praça é um patrimônio do Rio e não pode ficar fechada nunca”, disse o prefeito.
Apesar de todas as reformas, o Chafariz do Jacaré não estava funcionando. “Vai sair (água do chafariz). Tivemos um vazamento terrível da Cedae por parte do esgoto que contaminou a fauna e a flora. Mas reparamos e vamos colocar de volta a água”, garantiu Crivella. A festa virou atração. Os primos Filipe de Melo e Williane Andrade aproveitaram para fazer selfies pela primeira vez no Passeio Público.
Parada Gay de Madureira sem verba
Com o orçamento apertado devido às dívidas deixadas pela gestão anterior, a prefeitura limitou os gastos para acertar as contas da casa. Um dos arrochos recaiu sobre a cultura e eventos como a parada Gay, que não fazem parte do calendário oficial da cidade, deixam de receber verba pública.
Já os eventos previstos pelo município permanecem com o financiamento, mas podem sofrer ajustes ao longo do ano. Como é o caso da feiras da Yabás, que acontece a cada dois meses em Madureira e estava parada desde o final de 2016. A decisão foi publicada, ontem, no Diário Oficial.
Já de data marcada para o dia 16 de julho, a 17ª Parada do Orgulho LGBT de Madureira fica sem o aporte do município este ano. No entanto, na segunda-feira foi aberto um Caderno de Encargos, por meio da RioEventos e RioTur, para captar com a iniciativa privada verbas para a realização do evento. Responsável pela organização do evento, Loren Alexandre entende a decisão da prefeitura e diz que o importante é o evento não acabar.
“Esse dinheiro público que iria para a parada pode ser investido na saúde, por exemplo. Só do prefeito nos atender e apoiar a causa já é uma grande ajuda. A última festa levou 800 mil pessoas pra rua. Imagina o quanto isso não movimenta no comércio e de ISS para a prefeitura. É bom para todo mundo”, acredita Loren, que se mantém como organizadora do evento, apesar das mudanças.
A RioTur explica que o modelo adotado para a parada gay e para outros eventos fora do calendário da cidade é o mesmo adotado para o desfile de blocos que acontece durante a programação do carnaval de rua da cidade. Segundo a assessoria de imprensa do prefeito, a prefeitura vai apoiar os eventos com coleta de lixo, ordenação do trânsito e outros serviços que ela já emprega nos eventos, mas não com dinheiro porque não há valores em caixa.
Reportagem de Bruna Fantti, Paola Lucas e do estagiário Rafael Nascimento, sob a supervisão das repórteres