Por thiago.antunes

Rio - A ação de bandidos armados em plena luz do dia, ontem de manhã, durante o roubo a uma agência dos Correios acendeu o alerta para a crescente violência na região da Grande Tijuca. A sensação de insegurança e o medo estavam estampados no semblante dos comerciantes da região, que evitaram fornecer detalhes sobre o ocorrido para a reportagem do DIA.

O assalto, que durou cerca de 20 minutos, aconteceu na agência localizada na Avenida Heitor Beltrão, uma das mais movimentadas do bairro. Nem mesmo a presença dos policiais militares baseados em uma cabine instalada na Praça Saens Peña, a poucos metros do estabelecimento, foi capaz de inibir a ação dos criminosos.

Agência%2C localizada em área movimentada do bairro%2C só será reaberta amanhã. Empresa não revela prejuízo Maíra Coelho / Agência O Dia

A intimidação dos assaltantes está refletida nos dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), que contabilizou apenas no mês de abril deste ano, 22 roubos a estabelecimentos comerciais na Tijuca, o que representa um aumento de 175% em comparação ao mesmo período de 2016, quando foram registrados oito casos.

Na sexta-feira, um suspeito foi baleado e morto durante uma troca de tiros em frente à Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), na Rua Haddock Lobo, após a tentativa de roubo a um estabelecimento comercial da região.

Os funcionários da agência dos Correios fixaram um cartaz na porta avisando que “por motivo de força maior” a agência manteria as portas fechadas. A medida pegou de surpresa muitos clientes que chegavam ao local em busca de atendimento. “Queria enviar uma carta, mas vou procurar outra agência. Está difícil viver no Rio de Janeiro, os assaltos se tornaram comuns em todos os bairros”, lamentou o aposentado Osório Rodrigues, de 84 anos, que é morador do Flamengo.

Rotina

Antes de procurar a agência, a dona de casa Geane de Paula, de 33, havia passado em um supermercado no bairro, onde também presenciou um assalto. Segundo ela, pedestres corriam atrás de um suspeito nas proximidades da Praça Saens Peña e gritavam: ‘Pega, ladrão’. Ela, que planejava enviar uma encomenda por Sedex — serviço de entrega expressa dos Correios —, voltou para casa sem atendimento.

A aposentada Salete Cavalcante, 66, seguia para casa e se assustou ao se deparar com o estabelecimento fechado. Moradora da região, ela afirma que os assaltos no entorno da Praça Saens Peña são cada vez mais frequentes.

“No domingo, presenciei um arrastão aqui (na Avenida Heitor Beltrão), por volta das 11h da manhã. Aposto que se a equipe do DIA permanecer até o final do dia aqui na rua, vai presenciar uma dezena de roubos”, reclamou. Ainda segundo ela, a agência dos Correios que foi alvo de bandidos ontem pela manhã costuma ser assaltada com frequência.

Correios: não teve violência

Por meio de nota, os Correios informaram que nenhum cliente ou funcionário sofreu qualquer tipo de violência durante a ação dos bandidos na manhã de ontem. Segundo a empresa, os criminosos mantiveram empregados e clientes dentro do estabelecimento durante o assalto e subtraíram uma quantia em dinheiro que não será revelada por questões de segurança.

A Polícia Militar, que chegou a ser acionada, não localizou os assaltantes e a Polícia Federal irá assumir a investigação do caso. Informações apontam que as quadrilhas que agem em assaltos a caixas eletrônicos e agências dos Correios tenham envolvimento com o tráfico de drogas e os constantes roubos de cargas no Rio, como mostra a matéria .

Sobre o aumento da violência na Tijuca, a PM informou que o batalhão responsável pelo patrulhamento no bairro está atento ao policiamento da área e tem trabalhado para combater todos os tipos de crimes. A agência dos Correios só será reaberta amanhã.

Você pode gostar